O Corpo de Bombeiros tem realizado quase um resgate ou salvamento em terra por dia no Rio Grande do Sul. Até 7 de março, foram 57 ocorrências desse tipo. A média é de 0,86 por dia. O índice coloca 2023 em patamar mais elevado do que encerrou no ano passado — foram 169 ocorrências em 365 dias, média de 0,46.
Segundo o subcomandante da Companhia Especial de Busca e Salvamento, major Gustavo Lock, a maioria dessas ocorrências são registradas com pessoas que se aventuram durante trilhas esportivas.
O diagnóstico é que, na pandemia e até pelo fato de morarem em áreas altamente urbanizadas e em apartamentos, a população tem procurado cada vez mais a natureza para o lazer. No entanto, é preciso ter cuidados.
— São pessoas que estão efetuando as trilhas esportivas e, por descuido ou para ir a outro nível, se perdem. Nós conseguimos notar uma certa procura por ambientes naturais, o que é salutar. O que temos que ter cuidado é irmos em trilhas e aventuras condizentes com a nossa experiência e a nossa capacidade física — alerta Lock.
Nos últimos quatro anos, o pico de ocorrências de resgate e salvamento foi em 2021, com 220 ocorrências, uma média de 0,60 por dia. Em 2019, foram 161 ocorrências (0,44 de média) e, em 2020, 136 (0,37 de média).
Resgate e salvamento são termos com significados semelhantes, mas, para os bombeiros, possuem destinações um pouco diferentes. Salvamento é a atividade de salvar vidas, isto é, pessoas vivas. Já o resgate é mais utilizado para objetos e corpos e para operações de recuperação de pessoas vivas em situação de alto risco.
O major Lock afirma que o Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul tem condições estruturais para realizar as buscas. Em situações como essas, são utilizados cães farejadores e até aeronaves, se for o caso. Estas, no entanto, também enfrentam dificuldade quando a área é de mata fechada.
— As partículas odoríferas ficam muito salientes em áreas de mata, por isso os cães farejadores são bastante efetivos. Eles não dependem do som ou do visual. Vão pelo olfato —explica o major.
Além das áreas de mata fechada, outro ambiente que vale ter atenção redobrada são os cânions. Porém, é preciso ter prudência em todo tipo de lugar.
— Os cânions são o que chamamos de ambiente vivo. São regiões complexas. Com o passar do tempo, as intempéries alteram o ambiente. Eles mudam de um período para outro. Mas é bom frisar que, mesmo em locais conhecidos, todos precisam ter cuidados, para que a prática das trilhas seja proveitosa — comenta o subcomandante da Companhia Especial.
Uma das dicas é utilizar rastreadores. Os equipamentos podem ser adquiridos por qualquer cidadão e são programados para disparar mensagens para contatos salvos com antecedência caso quem o utiliza pare de se movimentar.
Cuidados a serem tomados na hora de praticar trilhas
- Levar comida extra (em caso de ficar mais dias do que o previsto, perdido).
- Levar e ingerir bastante água.
- Utilizar roupas adequadas, inclusive roupas de chuva, mesmo que o tempo esteja aberto.
- Levar itens como lanterna, apito, cobertor, isqueiro, faca e kit de primeiros socorros.
- Utilizar protetor solar.
- Não ir em áreas de matas fechadas.
- Se estiver em grupo, manter apenas um celular ligado, o que pode dar mais tempo para as equipes de buscas entrarem em contato. Na medida em que um celular ficar sem bateria, liga-se o outro.