O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que, atendendo a um pedido feito pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e pelo Ministério dos Povos Indígenas, cem homens da Força Nacional desembarcarão em Roraima até esta terça-feira (7).
— Eu determinei hoje (segunda-feira, 6) o deslocamento de mais cem integrantes da Força Nacional que estarão entre hoje e amanhã (terça, 7) chegando ao Estado de Roraima para, com isso, fortalecer especialmente a segurança das bases da Funai e também dos postos de saúde. A missão primeira da Força Nacional em território yanomami será esta. E nós teremos a atuação da PF (Polícia Federal), com o apoio logístico das Forças Armadas, para efetuar a desintrusão — garantiu.
Há expectativa pelo aumento do fluxo de pessoas saindo da região do garimpo nos próximos dias. O ministro rechaçou a ideia de que o governo esteja facilitando a fuga em massa de criminosos.
— Isso não é um caminho de impunidade porque as investigações estão sendo feitas e continuarão a ser feitas. Mas nós temos que entender que é uma situação política e social de alta complexidade e é preciso ter um planejamento. O uso da força sem planejamento poderia piorar o problema instalado no Estado de Roraima e nós não desejamos isso — reforçou.
Fase policial
Dino afirmou, ainda nesta segunda, que o governo iniciará nesta semana a transição da fase de assistência humanitária e fechamento do espaço aéreo na terra indígena yanomami em Roraima para a fase policial, de caráter coercitivo contra garimpeiros e financiadores da atividade mineral. Segundo o ministro, a expectativa é de que, até o fim desta semana, 80% das 15 mil pessoas envolvidas com garimpo ilegal na região já tenham deixado o local.
Nessa etapa, a pedido do Ministério dos Povos Originários, a prioridade será a manutenção da segurança das equipes nos postos da Funai e nos centros de saúde que prestam assistência aos indígenas.
No total, 500 homens da Força Nacional de Segurança serão enviados ao Estado nesta etapa da operação.
Desintrusão
O ministro informou que as Polícias Federal e Rodoviária Federal (PRF), com o apoio logístico das Forças Armadas, darão início às ações de afastamento compulsório de quem ainda não tiver saído da terra yanomami nesse período. Segundo Dino, começarão a ser destruídos os equipamentos de garimpeiros, para que não voltem a ser utilizados em atividades ilegais e eliminadas as pistas clandestinas. Além disso, poderão ser presas em flagrante pessoas que ainda estejam na região.
— É evidente que esse planejamento policial é dinâmico, acontece dia a dia. O que eu posso afirmar é que as ações policias irão começar nesta semana — revelou.
Sobre a saída de garimpeiros do território indígena, o ministro da Justiça disse ainda que o governo não dará nenhum tipo de apoio para isso. Os garimpeiros alegam dificuldade para sair da região desde que a Aeronáutica passou a controlar o espaço aéreo e proibir que aeronaves usadas na atividade criminosa sobrevoassem o território.
— Claro que estamos neste momento permitindo que essas pessoas saiam pelos seus próprios meios, mas não haverá apoio do governo federal para essa retirada, porque consideramos que há incompatibilidade entre a natureza criminosa da atividade com o eventual apoio (do governo federal) — destacou.
Sobre a questão social, o ministro acrescentou que o governador de Roraima, Antonio Denarium, está em Brasília e deve tratar do assuntos com os ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Wellington Dias, do Desenvolvimento Social.
O ministro da Justiça e Segurança Pública destacou que foco prioritário das investigações são os financiadores, os donos dos garimpos ilegais e aqueles que fazem lavagem de dinheiro.
— Claro que temos os executores de crimes ambientais. Essas pessoas estão sendo identificadas por imagens e serão alvo do inquérito policial — completou.