A Polícia Civil do Amazonas informou nesta terça-feira (7) que estava questionando um suspeito de envolvimento no desaparecimento do indigenista Bruno Pereira, servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai), e do jornalista inglês Dom Phillips. Conforme a corporação, ninguém foi preso até o momento.
Outras quatro pessoas foram ouvidas como testemunhas no caso. Os dois desapareceram no Vale do Javari, próximo à fronteira com o Peru, no domingo (5), depois de receberem ameaças. Até a noite da terça, nenhuma das forças envolvidas nas buscas havia informado qualquer notícia sobre o paradeiro de Pereira e Phillips.
Três grupos de defesa dos direitos indígenas da região garantiram em nota conjunta que apenas seis policiais estaduais estavam atuando, pedindo mais recursos ao governo. Durante o dia, a Polícia Federal (PF), o Exército e a Marinha reforçaram as operações. Em comunicado, o Ministério da Defesa afirmou que desde segunda-feira (6) o Exército emprega 150 soldados “especialistas em operações em ambiente de selva, que conhecem o terreno” e que as buscas foram intensificadas.
Segundo a nota, na segunda-feira (6), a Marinha enviou ao local uma equipe de Busca e Salvamento (SAR) da Capitania Fluvial de Tabatinga e militares percorreram os rios Javari, Itaquaí e Ituí, no interior do estado do Amazonas, com uma lancha. Nesta terça-feira, além destas equipes, foram utilizados na busca um helicóptero, embarcações e uma moto aquática.
Bolsonaro critica a "aventura"
Em entrevista ao SBT News, o presidente Jair Bolsonaro descreveu a expedição como uma "aventura não recomendada".
— Duas pessoas em um barco, numa região dessas, completamente selvagem, é uma aventura que não se recomenda. Tudo pode acontecer. — classificou Bolsonaro — Pode ser um acidente, eles podem ter sido executados — acrescentou.
O presidente ainda disse esperar que "sejam encontrados" em breve. Para o WWF Brasil, o governo "demorou muito para agir" para mobilizar as forças. Em comunicado, a organização disse que a "Amazônia está se tornando uma terra sem lei".
Phillips e Pereira haviam viajado de barco até o Lago Jaburu e deveriam retornar à cidade de Atalaia do Norte na manhã de domingo. Eles realizavam um trabalho para entrevistar indígenas. A volta do Lago começou no início da manhã de domingo com parada na comunidade de São Rafael, onde encontrariam um líder local.
Como ele não chegou, os dois homens seguiram para Atalaia do Norte. A última vez que foram vistos foi em São Gabriel, perto de São Rafael. Phillips e Pereira viajavam em um barco novo com 70 litros de gasolina e usando equipamentos de comunicação via satélite.
Pereira, especialista da agência governamental brasileira para assuntos indígenas (Funai), já havia sido ameaçado por madeireiros e garimpeiros ilegais. A base local da Funai, de proteção e assistência aos indígenas, vem sofrendo diversos ataques desde 2018, incluindo o assassinato em 2019 de um funcionário.
Para Fiona Watson, diretora de pesquisa do grupo Survival International, a operação de resgate nesta área de floresta tropical densa é “imensamente desafiadora”.