A Prefeitura de São Paulo quer revitalizar a orla da Represa de Guarapiranga, na zona sul da cidade. Para isso, lançou nesta semana consultas públicas para dois projetos. Um para conceder sete parques na região para a gestão privada, a exemplo do que ocorreu com o Ibirapuera, e outro para firmar uma parceria público-privada (PPP) para montar um complexo multiúso no antigo Santa Paula Iate Clube, desativado há algumas décadas. Caso o cronograma evolua, a estimativa é de que os parceiros sejam definidos até o fim do ano, o que permitiria iniciar as obras.
"São duas iniciativas para requalificação e reativação da orla da represa de Guarapiranga, que já foi uma região muito valorizada. Especialmente nos anos 70, era a saudosa praia paulista", explica ao Estadão a secretária executiva de Desestatização e Parcerias, Tarcila Peres. "O projeto da Prefeitura tem como foco resgatar o patrimônio ambiental, histórico e arquitetônico. Além de também realizar atividades ecoturísticas e de lazer nessa área que é tão querida pelo paulistano."
A ideia, explica a secretária, é não só incentivar atividades da comunidade local que estão em andamento na região, como levar mais investimento e também gerar emprego para a população local. Segundo ela, atualmente existem seis parques no norte da represa de Guarapiranga, que é onde a Prefeitura está focando o primeiro projeto: Guarapiranga, Barragem da Guarapiranga, Praia do Sol, Linear Castelo, Linear Nove de Julho e Linear São José. Somados, recebem um público anual de cerca de 830 mil visitantes. Com a concessão, a Prefeitura prevê dobrar esse público.
"Todos têm uma infraestrutura muito simples. Eles têm frequentadores, principalmente quem é da região, mas há bastante potencial de melhoria", diz Tarcila, que explica que os serviços são uma das principais demandas de quem frequenta os locais. Em meio a isso, a Prefeitura estima que a concessão dos parques à iniciativa privada poderá promover melhorias na infraestrutura e também nos serviços oferecidos aos visitantes.
Para isso, o projeto de concessão visa a passar a gestão desses seis parques da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) para uma empresa privada por um período de 25 anos. A iniciativa inclui também um novo parque, nomeado Praia São Paulo. Este último já teve a área delimitada pela equipe técnica da Prefeitura, mas não possui infraestrutura. Conforme a iniciativa, o vencedor do leilão, que deverá ser realizado até o fim do ano, deverá investir obrigatoriamente cerca de R$ 20,5 milhões nos primeiros anos a partir da concessão. Além disso, a Prefeitura projeta que R$ 468 milhões serão gastos em custeio nos 25 anos de operação - o que dá cerca de R$ 19 milhões ao ano. A receita estimada anual é de R$ 25,6 milhões. Entre 1% e 6% do valor (a porcentagem depende do faturamento) terá de ser compartilhado com o Município, mas os números podem passar por revisão no processo.
IATE CLUBE
O segundo projeto lançado paralelamente pela Prefeitura visa a firmar uma parceria público-privada para montar um complexo multiúso no antigo Santa Paula Iate Clube. Desativado em meados dos anos 80, o espaço fica próximo dos parques da orla da represa de Guarapiranga, o que motivou a gestão municipal a trabalhar os projetos de forma conjunta. O iate clube é composto pelo edifício sede e a garagem de barcos na área da represa, que são conectados por uma passagem subterrânea na Avenida Atlântica. "Já foi um clube muito frequentado, muito importante na região, e hoje é um clube praticamente abandonado", explica Tarcila. Ao mesmo tempo, ela reforça que o potencial de exploração do local é grande, até por se tratar de um patrimônio histórico de São Paulo. "Ele tem um acervo cultural muito importante para a cidade, é uma edificação tombada." Nesse caso, o futuro parceiro privado poderá explorar comercialmente o restante do edifício que não for utilizado para serviços públicos. A indicação é que haja hotel, galeria de serviços e restaurantes, além de local para eventos e exposições.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.