Após os estragos provocados pelas chuvas dos últimos três dias, municípios da Fronteira Oeste e Campanha já têm mais de 1 mil desabrigados por causa da elevação dos níveis dos rios da região. Quaraí, Alegrete e Lavras do Sul são as cidades mais atingidas, segundo dados das defesas civis municipais. Precipitação ultrapassou os 300 mm em alguns pontos.
Quaraí, irá decretar situação de emergência, de acordo com a prefeitura. Segundo a Defesa Civil, 909 pessoas deixaram as suas casas em razão da enchente causada pelo alto nível do Rio Quaraí.
Cerca de cem pessoas se encontram em abrigos municipais recebendo apoio do Corpo de Bombeiros e do Exército. Equipes da assistência social da prefeitura estão distribuindo marmitas duas vezes ao dia para auxiliar as pessoas atingidas. Grande parte da população afetada pela cheia conseguiu se abrigar em casas de parentes.
Desde a noite de segunda-feira (25), foram mais de 340 mm de chuva na cidade, sendo 90 apenas na madrugada desta quinta-feira (28). Apesar disso, o nível do rio, que chegou a atingir mais de 12 metros acima do nível normal, já começa a baixar e se encontra a 11m65cm. A chuva perdeu força na região e, por isso, a tendência é que o volume siga baixando.
Segundo o vice-prefeito Claudino Farias Murilo Júnior, essa é a pior enchente na cidade desde 2015, quando o rio alcançou 14m50cm. Funcionários da prefeitura e voluntários se preparam para trabalhar na recuperação da cidade após a inundação. Enquanto isso, ele conta que a população tem buscado manter o otimismo.
— Aqui em Quaraí o povo é muito otimista e valente. Estamos acostumados a viver na adversidade. As pessoas estão incomodadas com a situação, mas estão acostumadas. Não é a primeira vez que elas enfrentam enchentes — afirma.
O objetivo do decreto, que deve ser publicado até o final desta quinta-feira, é garantir recursos para auxiliar na limpeza e reconstrução das residências alagadas.
248 pessoas fora de casa em Alegrete
O município de Alegrete também tem sofrido com as enchentes. Desde terça-feira (26), o nível do Rio Ibirapuitã tem aumentado constantemente e atingiu a marca de 11m50cm - três a mais do que o necessário para alagar as primeiras as casas. A Defesa Civil informa que há 91 pessoas desabrigadas e outras 157 desalojadas. Parte dos atingidos estão abrigados no Ginásio Municipal Oswaldo Aranha e outra em residências de familiares.
Um novo temporal registrado na noite de quarta-feira causou também quedas de árvores e danos em edificações. O vice-prefeito do município Jesse Trindade explica que a situação piorou ainda mais.
— Estamos vivendo um caos e por isso priorizando as famílias que já não conseguem ficar em casa. Nos preocupa pois o rio segue em elevação, mas estamos mobilizados para acolher a população — afirma.
Chuva de 300mm em Lavras do Sul
Em Lavras do Sul, na região da Campanha, choveu 300 mm desde segunda-feira. Até o momento, 35 famílias tiveram de deixar suas casas. A Defesa Civil ressalta que ainda não é possível avaliar os prejuízos gerados pela enchente, mas a situação começa a aliviar, após o recuo do nível do Rio Camaquã, que corta o município.
— As equipes estão limpando as casas, organizando para (as famílias) poderem voltar para os seus lares — afirma Zuleica Machado, coordenadora da Defesa Civil do município.
Dois deslizamentos de terra causaram destruição parcial de residências em Lavras do Sul. Também houve casas destelhadas, árvores e galhos foram quebrados e uma ponte acabou cedendo o seu calçamento com a força da água. A cidade toda ainda teve que enfrentar mais de 10 horas sem energia elétrica.
Foram distribuídas cestas básicas, cobertores e colchões para algumas famílias atingidas pelo temporal. Os trabalhos de recuperação seguem durante a noite desta quinta e ao longo desta sexta-feira (29).
Colaborou: Fernanda Polo