A família de Moïse Kabagambe, congolês morto a pauladas na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro em 31 de janeiro, não quer assumir os quiosques Biruta e Tropicália e vai desistir da concessão, conforme disse o procurador da comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Rodrigo Mondego.
A ideia agora é marcar uma nova reunião com a prefeitura e a Orla Rio para a segunda-feira (15), visto que os familiares aceitam assumir outros quiosques em locais diferentes, ou mesmo um local de homenagem a Moïse.
O advogado da família disse ao jornalista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, que "eles desistiram de assumir, não querem mais, por medo".
Os familiares dão outras alternativas, mas frisam que não querem assumir o local do crime porque não vão se sentir seguros nunca. "Eles já disseram que não vão sair de lá", falou o advogado, sobre a família.
O acordo para a concessão seria entregue à família de Moïse pelo prefeito Eduardo Paes e o secretário de Fazenda e Planejamento, Pedro Paulo, na segunda-feira (7).
— Desde o início entendíamos que a gente deveria lembrar permanentemente as pessoas do absurdo crime cometido contra uma pessoa, no caso o Moïse. Entendemos que isso poderia se juntar à presença da própria família do Moïse ali. É uma oferta feita pela prefeitura, mas também da Orla Rio — falou Paes.
A Orla Rio é a concessionária detentora dos direitos da concessão pública dos dois quiosques. O prefeito do Rio de Janeiro explicou que a concessão dos dois estabelecimentos ficaria com a família de Moïse até 2030. Uma carta de compromisso foi assinada pela responsável do local.
A prefeitura do Rio vai transformar os quiosques Biruta e Tropicália em um um memorial e ponto de transmissão da cultura de países do continente africano. O secretário municipal de Fazenda, Pedro Paulo Carvalho, afirma que a transformação do espaço é uma forma de reparação à família.