O último levantamento feito pela Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) mostrou que 21 mil famílias gaúchas enfrentam dificuldades de acesso a água. Dados de 27 de dezembro mostravam que 9 mil famílias estavam sendo atingidas pela seca no Estado. O diretor-técnico da Emater, Alencar Paulo Rugeri, disse ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta quarta-feira (26), que a falta de chuva já atinge 253 mil propriedades no Rio Grande do Sul.
— De memória, períodos longos, com tanta temperatura, nesses patamares, eu não lembro. Não nesse formato: quente e seco — disse.
A estiagem atinge a produção de diferentes culturas. O setor do milho foi um dos mais impactados, com 90 mil propriedades registrando perdas, algumas de 100% do plantio. Os produtores de arroz, segundo Rugeri, também foram impactados.
— O que agravou a situação do arroz são essas temperaturas e o vento que aumentou muito a temperatura da água. Nós temos, no Estado, como um todo, essa dificuldade do arroz. Em tese, o arroz é irrigado. O arroz quer sol na cabeça e água no pé. Nunca houve um ano com tantas dificuldades nesse setor — afirma.
Sobre a produção de leite, o especialista disse que a recuperação deve ocorrer em um médio-longo prazo. Para obter resultados, a pastagem que alimenta as vacas demora de 60 a 90 dias para crescer. Segundo ele, 27 mil produtores de leite passam por dificuldades, representando 70% da categoria.
O entrevistado disse que a solução para o problema seria a irrigação. Ao visitar o interior gaúcho, Rugeri vê falta de investimentos e que a situação entre um produtor e outro é muito desigual.
— Não temos a cultura da irrigação. Sempre temos esperança de que vai chover — disse. — Tem muito conhecimento que precisa ser socializado. Há muitas cidades que gostariam de fazer irrigação, mas não tem água. Em outros casos não tem energia ou condições financeiras (...) A grande maioria dos nossos produtores não tem estrutura — concluiu.