Moradores do bairro Brasil Novo em Macapá postaram vídeos nas redes sociais com explosões em diversos postes na noite deste domingo (22). De acordo com a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), o problema foi causado por vento e uma forte tempestade que atingiu a capital do Estado, e nada tem a ver com os apagões anteriores dos dias 3 e 17 de novembro.
A distribuidora informou que as faíscas foram geradas pelo atrito entre dois cabos de alta tensão no trecho da Rua Laranjeiras. O curto-circuito afetou as residências localizadas no perímetro, que ficaram sem energia por volta das 22h. As equipes operacionais da CEA foram acionadas e a situação foi normalizada às 2h25min desta segunda-feira (23).
Embora todos os problemas de energia tenham acontecido no mesmo Estado, cada evento no Amapá ocorreu por problemas distintos, envolvendo etapas e empresas de fornecimento diferentes. Isso porque a eletricidade depende de várias companhias para que ela chegue às residências.
A primeira etapa é a geração. Milhares de usinas geram energia a partir das mais variadas fontes - hidrelétrica, solar, eólica, termelétrica, entre outras. As geradoras estão espalhadas em todo o país, mas é preciso levar essa energia para os municípios.
O transporte dessa energia é tarefa das transmissoras. Por meio de linhas de transmissão sustentadas por torres, essa energia é levada a todo o país até subestações que rebaixam essa tensão para níveis inferiores, através de transformadores.
Uma vez que a tensão foi rebaixada, o transporte dessa energia fica a cargo das distribuidoras, responsáveis pela rede de postes que abastece os bairros, além de subestações que reduzem ainda mais a tensão — dependendo do município, para 110 ou 220 volts.
Nos dois casos, o blecaute não ocorreu na primeira etapa, a geração, mas nas seguintes. O primeiro blecaute, do dia 3 de novembro, foi o mais grave. O Estado ficou quase quatro dias no escuro, com 14 dos 16 municípios sem energia. O problema ocorreu devido a um incêndio em um dos transformadores da transmissora — a Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE).
O fogo destruiu um dos equipamentos e danificou o outro, que levou quase quatro dias para voltar a funcionar. Essa subestação deveria ter três transformadores à disposição, mas um deles estava em manutenção desde dezembro e somente foi enviado à fábrica para conserto em 15 de novembro.
O segundo apagão, em 17 de novembro, ocorreu nos equipamentos da distribuidora de energia Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), estatal do governo do Estado, que atua sem contrato há pelo menos cinco anos, em um regime precário, à espera da privatização.
Nesse segundo blecaute, houve três desligamentos da subestação da distribuidora, que afetaram também a ligação com a hidrelétrica Coaracy Nunes. Como o problema foi de menor impacto, a energia caiu às 20h27min, mas voltou à 1h04min — ainda que em sistema de rodízio, já que o fornecimento ainda não foi completamente retomado em razão do primeiro apagão.
No sábado (21), o presidente Jair Bolsonaro foi ao Estado para acionar geradores de energia levados ao Amapá após o apagão. A previsão é que o segundo transformador entre em operação na quinta-feira (26) o que deve normalizar o fornecimento.