Uma cheia considerada atípica para o mês de julho tirou, na quinta-feira (9), 1,2 mil pessoas de suas casas em São Jerônimo, na Região Carbonífera. Neste sábado (11), o nível do Rio Jacuí entrou em declínio, e algumas famílias puderam retornar para suas residências.
Embora a água tenha baixado, a Defesa Civil municipal estima que ainda há 800 moradores alojados com parentes ou amigos. Em razão da pandemia de coronavírus, as autoridades tentaram ao máximo distribuir as famílias nas casas de conhecidos para evitar a lotação do ginásio esportivo da prefeitura. Ainda assim, 16 famílias precisaram do abrigo público. Neste sábado, apenas duas permaneciam no local.
Moradora de um dos bairros mais atingidos pela cheia, o Princesa Isabel, Vanessa Rodrigues perdeu quase tudo. Foi obrigada a deixar a moradia com os três filhos pequenos.
— Perdi armários, guarda-roupas, as roupas das crianças, tudo — enumera, mostrando o pouco que conseguiu salvar e que levou para o ginásio: fogão, uma cama quebrada e uma geladeira que estragou.
A coordenadora da Defesa Civil do município, Leni Leal de Almeida, diz que os problemas começaram ainda na quinta à tarde, quando o órgão começou a atender os primeiros pedidos de ajuda. Na madrugada de sexta (10), a situação ficou ainda pior.
— A gente tirava uma família e tinha outra ligando. Foi atípico, pois nossa época de enchente é em outubro. A água subiu muito rápido, porém está baixando rápido também — conta Almeida.
Jaime Medeiros, que mora próximo ao ginásio há 35 anos, conta que fazia tempo que a água não subia tanto:
— Invadir a casa assim, fazia anos que não acontecia.
Instalado na casa da irmã, Medeiros conseguiu levantar móveis e eletrodomésticos. No entanto, não sabe quando poderá voltar para casa por conta da umidade.
Além do Princesa Isabel, o bairro Beira-Rio e parte do Centro foram afetados. Mesmo com a diminuição do nível da água, algumas áreas do município permaneciam acessíveis somente por barco neste sábado.