Uma carreata de protesto contra as medidas de isolamento social, recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como forma de enfrentar a pandemia de coronavírus, aconteceu na tarde deste sábado (04) em Porto Alegre. A concentração ocorreu no Parque Moinhos de Vento e, após as 15h, cerca de 90 veículos iniciaram circuito pela cidade. A frota era adornada por bandeiras do Brasil, algumas atadas aos automóveis, outras brandidas pelos manifestantes.
O cortejo contava com apoio de um caminhão de som, usado por pessoas que queriam discursar contra a quarentena, fazendo a defesa da retomada das atividades do comércio e alertando para a hipótese de desemprego em caso de manutenção das restrições à circulação de pessoas.
— O que motiva a nossa manifestação é a necessidade de as pessoas poderem trabalhar e produzir. A quarentena horizontal é uma grande mentira. Isso não apresentou diminuição de curvas (de contágio) em lugar nenhum — disse a advogada Maria Cristina Meneghini, participante do ato.
Ela ainda classificou as restrições determinadas pelos governantes como "autoritárias", disse que pequenos comerciantes estão passando por dificuldades e reclamou do fechamento do Poder Judiciário na quarentena, o que impacta na sua rotina profissional.
Ainda nas imediações do parque, alguns carros que passavam pela concentração buzinavam em apoio. Um outro homem, crítico da iniciativa, gritou repetidas vezes que os manifestantes deveriam descer dos carros para protestar — uma menção ao fato de que, no interior dos veículos, estariam mais seguros de contágio do coronavírus.
Na Avenida Benjamin Constant, áudio capturado pelo repórter fotográfico Jefferson Botega revela que a carreata foi recebida sob panelaço de pessoas que estavam confinadas em casa, cumprindo as determinações de isolamento determinadas por autoridades. No microfone, uma mulher respondeu chamando os que batiam panelas de "vagabundos".
— Paneleiros de plantão, podem seguir o resto da vida batendo panela, vagabundeando em casa e vivendo de esmola estatal. Mas quem tem dignidade quer trabalhar, quer botar o pão na mesa, quer abrir o seu comércio — bradou a manifestante.
Um homem que também usava a amplificação de som disse que países como Japão e Holanda "provaram que não é necessário fechar o comércio". Os dois países, contudo, têm medidas restritivas em vigor: a Holanda fechou bares e restaurantes, e o Japão suspendeu aulas na rede escolar e cerrou as portas de parques temáticos, museus e zoológicos, entre outras iniciativas paralelas.