Um advogado foi preso acusado de desacato após envolver-se em uma confusão com policiais militares na 2ª Delegacia de Polícia, em Porto Alegre, nesta sexta-feira (14). Junto com colegas, ele acompanhava na delegacia os depoimentos de 51 manifestantes presos nos atos contra a reforma da Previdência.
A confusão começou quando duas jovens, já liberadas após assinar termo circunstanciado, estavam sendo levadas para fazer exame de corpo de delito no Instituto Geral de Perícias. Os advogados da Associação dos Juristas pela Democracia, que fazem a defesa dos presos, queriam que elas fossem levadas ou em um carro particular ou sentadas na viatura. Os PMs, no entanto, queriam levá-las em um camburão.
Os advogados e PMs negociavam a forma com que as mulheres seriam levadas quando um dos brigadianos determinou que elas deveriam ser levadas no camburão, sem negociação. Houve empurra-empurra entre agentes, advogados e familiares de manifestantes.
As mulheres foram colocadas na viatura, que deixou o local rapidamente. Os advogados chegaram a correr atrás, mas não conseguiram.
Em seguida, exaltado, o advogado Ramiro Goulart começou a criticar a atuação dos PMs. Parte da tropa sacou celulares e passou a filmá-lo.
— Isso aqui é uma aberração. É uma prova do autoritarismo. Uma prova de que vocês estão atrasados — disse.
Os PMs ficaram em fila observando. O advogado prosseguiu:
— Podem me filmar. Isso aqui é inaceitável no estado democrático de direito. Cambada de cachorros — bradou.
Os policiais, então, se aproximaram do advogado, que foi rendido e levado para dentro da delegacia sob acusação de desacato.
A seccional gaúcha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS) enviou a Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativa para acompanhar a prisão. Até as 17h30min, o advogado seguia sendo ouvido na DP.