Cidade mais atingida pelas enchentes das últimas semanas, Alegrete inicia a semana com a notícia da baixa do Rio Ibirapuitã. As medições realizadas pelos técnicos estaduais apontam que ele está em queda gradual, desde que parou de chover na região. O rio, que já ultrapassou os 13m, está hoje com 11m20cm — ainda acima da cota de inundação, que é de 10m80cm metros. Com isso, ao menos 200 pessoas de bairros como Pró-Morar e Ibirapuitã devem sair dos ginásios em que estão abrigadas nesta terça-feira (22), segundo a coordenadora municipal da Defesa Civil, Maysa Moreira.
A previsão inicial era de que algumas famílias pudessem voltar para casa nesta segunda-feira (21), mas as inundações diminuem de forma mais lenta do que o esperado.
Um número não estimado de desalojados também deve voltar às suas residências nesta terça-feira (22). Como as pessoas estão espalhadas por diversos locais, em casas de amigos e parentes, o controle sobre quantos devem retornar é mais difícil de prever, segundo a Defesa Civil.
Alegrete tem ainda 5.527 pessoas fora de casa, segundo o balanço mais atualizado, divulgado às 11h. São 1.170 desabrigados (levados a abrigos públicos) e 4.357 desalojados (na casa de amigos ou parentes). Entre os bairros ainda alagados estão o Santo Antônio e o Macedo, os quais tiveram seus moradores levados para o maior ginásio da cidade, o Oswaldo Aranha. Os 134 abrigados do ginásio dividem seus espaços com os lençóis doados por quem passa pelo local, ou até mesmo pelos vizinhos de abrigo.
Mesmo com a residência ainda embaixo d'água no bairro Macedo, a dona de casa Rosimere Beulck, 54 anos, não vê a hora de voltar pra casa.
— Se pudesse, voltaria hoje para lá, para limpar tudo e ficar com as minhas coisinhas. Tenho armário de cozinha e sofá boiando lá — afirma, com um misto de emoção e indignação por sua condição.
Marinês dos Santos, 43 anos, não tem o mesmo desejo. Desempregada, ela visitou no domingo (20) o bairro e conta que a casa está com a estrutura condenada.
— A casa entornou. Tenho medo de voltar e ela desabar com o temporal.
O pequeno Rafael Pereira dos Santos, de 9 anos, está feliz no abrigo, onde tem amigos para jogar bola na praça.
— Eu brinco com eles, jogo bola, e tenho os bichinhos ainda aqui. Lá em casa está tudo embarrado. A água está por aqui — explica, apontando com a mão espalmada a altura do pescoço, o que dá o indicativo de que ainda falta cerca de um metro para o seu lar ser novamente ocupado.
O subchefe da Defesa Civil Estadual, coronel Rodrigo Dutra, informou nesta segunda-feira que o Centro Nacional de Desastres retirou o alerta da região sul do Brasil. Com isso, o ritmo de baixa deve continuar.