Um dos profissionais do posto de saúde que atendeu Igor Medina no sábado (28), em Caxias do Sul, afirma que o bailarino não esclareceu se estava lúcido ou transtornado ao chegar ao local. O artista foi levado para atendimento à força por uma equipe da Guarda Municipal durante uma performance em uma praça da cidade da Serra. O servidor pediu à reportagem do jornal Pioneiro para não ser identificado.
— Não quero fazer falso julgamento, atendi a ele na chegada à emergência. Depois, foi para a observação e não conversei com a psiquiatra, não sei o que ele explicou para ela. O fato é que quando chegou à emergência estava ora agitado, ora quieto. Quando falava, usava palavras completamente desconexas. Em momento algum ele falou que estava encenando alguma coisa, fazendo arte — disse o servidor público.
— Só no final da tarde apareceram algumas pessoas no PA (Pronto-Atendimento 24 Horas) que diziam ser amigas dele. Tudo teria terminado de outra maneira se em algum momento ele tivesse se identificado — complementa.
Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde, responsável pela gestão do posto onde Medina ficou por oito horas, afirmou que só poderia se manifestar sobre o caso a partir desta segunda-feira (30).
Misto de protesto e arte, a performance de Medina foi confundida com um surto psicótico e ele foi levado à força para o Pronto-Atendimento 24 Horas em Caxias do Sul. O caso aconteceu no final da manhã de sábado (28), na Praça João Pessoa, no bairro São Pelegrino.
Medina é integrante da Companhia Municipal de Dança. A apresentação "Fim." faz parte da programação do 8º Caxias em Movimento divulgada pela prefeitura de Caxias do Sul. Segundo o diretor da Guarda Municipal, Ivo Rauber, os agentes foram acionados para verificar o que um homem fazia parado na Praça da Bandeira. Ele relata que o atendimento foi liderado pela equipe do Samu, que decidiu pela contenção com o uso de colete e o encaminhamento para uma unidade de saúde. Rauber afirma que, em nenhum momento, os agentes da Guarda utilizaram a força na abordagem.
Assustado com o ocorrido, o bailarino optou por se afastar de Caxias do Sul no domingo (29). Por telefone, Medina deu a sua versão dos fatos e negou que tenha ignorado as perguntas da Guarda Municipal. Ele ressalta que cada integrante da Companhia Municipal de Dança ficou responsável por criar um trabalho solo, de temática livre, para apresentar no Caxias em Movimento e que todos os trabalhos foram previamente autorizados pela prefeitura para serem apresentados nestes locais públicos.
Em nota oficial, a prefeitura afirma que está apurando os fatos. "A prefeitura de Caxias do Sul informa que está apurando as informações sobre a abordagem ao bailarino da Cia. Municipal de Dança, realizada pela Guarda Municipal neste sábado (28/10). A partir desta segunda-feira (30/10), a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Proteção Social (SMSPPS) começará a ouvir os relatos dos envolvidos para esclarecer a situação e dar os encaminhamentos necessários. Logo os fatos sejam esclarecidos, a prefeitura voltará a se manifestar oficialmente sobre o caso."