Correção: a Rua da Represa fica localizada no bairro Coronel Aparício Borges, e não no bairro São José, e está na Zona Leste e não Norte. A informação incorreta permaneceu publicada entre 7h11min do dia 9 de junho e 14h30min dessa terça-feira (13).
Cães farejadores, mergulhadores, bombeiros por terra e por água, além do apoio de servidores do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), estão mobilizados, desde as 7h desta sexta-feira (9), para retomar as buscas por Carine Gonçalves, suspensas ontem (8) depois de anoitecer.
Carine foi levada pela enxurrada que atingiu a casa onde vivia com a companheira, Daiane Silva, que também foi arrastada pela enxurrada, no bairro São José, zona norte de Porto Alegre, na manhã de quinta-feira (8). Resgatada com vida, Daiane foi encontrada a cerca de 500 metros da residência e encaminhada ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) por volta das 8h, onde segue em recuperação.
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Segundo o capitão Rodrigo Martini Rodrigues, comandante do Corpo de Bombeiros, mais de 20 pessoas devem se envolver nas buscas desta sexta-feira.
Por suspeita de que a vítima tenha caída em uma tubulação, o DEP fez um mapeamento da rede pluvial nas imediações da Rua da Represa e deve ajudar os bombeiros nas buscas. Além disso, conforme Rodrigues, uma guarnição deve reforçar as buscas junto à vegetação.
Enxurrada começou na madrugada
Ainda não havia amanhecido quando um arroio levou parte da casa de Margarete Marques, 51 anos, no bairro São José, em Porto Alegre. Ela era vizinha de Carine e de Daiane. No decorrer do curso, a água atingiu a casa delas em cheio e as levou de arrasto em meio às paredes, telhado e móveis por, no mínimo, 500 metros.
– Era cerca de 6h. Eu estava na porta de casa olhando a chuva quando vi o arroio bater na casa da minha mãe e na das vizinhas – disse Crislaine Marques, 24 anos, filha de Margarete. As vizinhas são Carine Gonçalves e a companheira, moradoras da Rua da Represa, bairro São José, zona norte de Porto Alegre.
Vindas de Cachoeirinha, elas haviam se mudado há dois meses para a casa que não existe mais, após o amigo Dagner de Oliveira, 27 anos, ceder um pedaço de terra para as amigas erguerem a moradia de 6 metros quadrados e livrarem-se do aluguel.
A missão dos socorristas durante toda a quinta-feira foi tentar encontrar Carine em meio a um bairro mutilado pela água. Duas retroescavadeiras, dois cães farejadores e equipes de Busca e Salvamentos do Corpo de Bombeiros empenharam até a escuridão lhes vencer. Até então, parte das buscas se concentraram no local onde Daiane foi resgatada, a centímetros de um pontilhão, vasculhado incansavelmente.
O capitão Emílio Homrich, que comandava a equipe, explicou os motivos dos socorristas estarem exatamente naquele ponto:
– Um dos cães acusou que ela (Carine) estava ali. Mas pode ser que tenha sentido o cheiro da mulher resgatada. Não sabemos ao certo, por isso temos que ficar aqui. Outra razão é que moradores ouviram os gritos dela nesse local.
Ainda assim, outra equipe ficou encarregada de percorrer todo o córrego, desde o Arroio Dilúvio. No meio da tarde, uma informação de moradores dava conta de que o corpo da mulher estaria preso em um ponto mais baixo, no Campo da Tuca. Uma equipe de bombeiros correu até o local e fez buscas acompanhada do irmão de Carine, Roberto Gonçalves. Porém, a suspeita não foi confirmada e o corpo não foi encontrado.
– Eu não vou desistir de encontrar a minha irmã – disse Roberto em meio as lágrimas.
– Ela era uma pessoa muito boa. Não sei por que foi acontecer isso – lamentou o amigo Dagner, que, da porta da sua casa, agora só enxerga os alicerces da casa das amigas.