O juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, proferiu na tarde desta quinta-feira sentença condenando os oito brasileiros denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por fazerem parte de uma célula da organização terrorista Estados Islâmico (EI) no Brasil. O magistrado ratificou a posição do MPF, que afirmou que os acusados difundiam os ideais do EI e planejavam realizar um atentado em solo brasileiro.
O grupo foi desmantelado em julho do ano passado, quando a Polícia Federal prendeu doze pessoas acusadas de fazer parte da mesma célula, durante a Operação Hashtag – ocorrida duas semanas antes da abertura da Olimpíada do Rio de Janeiro.
A maior pena, de 15 anos e 10 meses, foi imposta ao líder do grupo, Leonid El Kadre, de 33 anos. Segundo o juiz, não restam dúvidas da ascendência dele sobre os demais. Nas mensagens interceptadas pela Polícia Federal, El Kadre era quem dava as ordens para os outros seguidores. Também coube a ele o principal papel de recrutamento de adeptos, alguns deles menores de idade. Por essa razão, ele também foi condenado pelo crime de corrupção de menores.
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E, ao contrário dos demais condenados, El Kadre tinha antecedentes criminais, o que impediu a aplicação de qualquer atenuante. Em 2005, ele já havia sido sentenciado a 18 anos de prisão por homicídio. Depois de um assalto, ele matou o comparsa a pedradas para não ter que dividir o dinheiro. El Kadre – que está preso no presídio federal de Campo Grande – iniciou uma greve de fome. Diz que é alvo de perseguição religiosa.
A segunda maior pena foi aplicada a Alisson Luan de Oliveira. A ele foram impostos seis anos e onze meses de prisão. Oliveira foi, ao lado de El Kadre, um dos principais insufladores da violência. Valendo-se de programas de comunicação criptografada, ele foi um dos que mais deu sugestões de atentados possíveis de serem praticados.
O gaúcho Israel Pedra Mesquita também foi condenado.
Quais as provas de que fariam mesmo atentados? A PF interceptou mensagens com fotos das armas supostamente compradas pelo grupo e afirmativas de Leonid e Valdir (dois sul-mato-grossenses convertidos ao islamismo) de que "partiriam para a ação". Tudo isso próximo à abertura dos Jogos Olímpicos. Aí, em combinação com o Ministério Público Federal, os policiais decidiram agir com firmeza. Pediram à Justiça e conseguiram, em 21 de julho de 2016, a prisão temporária de 12 pessoas vinculadas ao grupo que apoiava e cogitava atentados terroristas. Quatro deles continuam presos.
Quem são os condenados:
Leonid El Kadre de Melo: sentenciado a 15 anos, dez meses e cinco dias de reclusão, em regime fechado.
Luís Gustavo de Oliveira: condenado a seis anos e cinco meses de reclusão, em regime fechado. Está preso.
Fernando Pinheiro Cabral: pegou cinco anos e seis meses de reclusão, em regime fechado. Está preso.
Alisson Luan de Oliveira: sentenciado a seis anos e 11 meses de reclusão, em regime fechado. Está preso.
Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo: sentenciado a seis anos e três meses de reclusão, em regime fechado. Ele está solto e pode recorrer contra a pena em liberdade.
Israel Pedra Mesquita: pegou seis anos e três meses de reclusão, em regime fechado. Está solto e tem direito a apelar em liberdade.
Levi Ribeiro Fernandes de Jesus: foi condenado a seis anos e três meses de reclusão, em regime fechado. Está solto e tem direito a apelar da sentença em liberdade.
Hortêncio Yoshitake, o Teo Yoshi: sentenciado a seis anos e três meses de reclusão em regime fechado. Está solto e tem direito a apelar da sentença em liberdade.