O fato de o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) ter sido uma "potencial liderança no quadro político em 2006" foi o que levou a Braskem a buscar o então candidato para oferecer um pagamento via caixa 2. De acordo com a delação premiada de Alexandrino de Alencar, que naquele ano negociou o valor com o político, Onyx sabia que se tratava de um repasse ilegal.
No início desta semana, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura do inquérito de número 4.400 contra o deputado gaúcho, um dos maiores apoiadores da Operação Lava-Jato no Congresso. Ele é investigado pelo crime de falsidade ideológica eleitoral.
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Na delação, o dirigente da empreiteira – cuja função era "observar, intuir e perceber potenciais candidatos que poderiam ter lugar de destaque e de liderança" – disse que procurou Onyx e explicou o interesse da empresa:
– Onyx era um jovem impulsivo lutador, que nós precisávamos manter próximo por causa do volume de investimentos que tínhamos no Rio Grande do Sul. (...) Então, procurei ele dizendo do nosso interesse de nos aproximarmos, que seria importante fazermos doações para a campanha dele. Foi uma iniciativa nossa.
Alencar contou que se encontrou com o então candidato em um restaurante, ocasião em que foi oferecido o repasse de R$ 175 mil a pretexto de auxílio para a campanha eleitoral. A doação teria sido feita via caixa 2 com o consentimento de Onyx:
– (...) Isso já foi dito na conversa inicial, e ele anuiu. Não houve rejeição nenhuma.
Ainda de acordo com o delator, naquela época a empresa minimizava as doações legais para não chamar a atenção da imprensa, nem do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) ou Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A maioria dos repasses era feito via caixa 2.
O que diz Onyx Lorenzoni:
Em entrevista à Rádio Gaúcha após o vazamento das delações, o deputado afirmou que nunca esteve com ninguém da Odebrecht e que desconhece as pessoas que o acusam.
– Tenho absoluta tranquilidade dos meus procedimentos e vou em busca dos esclarecimentos. Se necessário, vou abrir mão do meu foro privilegiado. Devo isso aos meus eleitores, que confiaram em mim – disse o parlamentar gaúcho.
Onyx ainda afirmou que, no caso do surgimento de provas, ele deixaria o cargo.