O vídeo divulgado pela prefeitura de Caxias nas redes sociais, em que o prefeito Daniel Guerra (PRB) aparece, ao telefone, cobrando um médico que estava em greve na quinta-feira por não estar no trabalho, fará com que Guerra se explique na Justiça. Isso porque o Sindicato dos Médicos processará o administrador municipal por assédio e dano moral, além de intimidação do profissional em greve.
Na segunda, o Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers) entrou com uma representação junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) também em função da exposição pública do médico.
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Em vídeo divulgado nesta terça-feira, o presidente do Sindicato, Marlonei dos Santos, também afirma que o material divulgado por Guerra foi montado:
– O prefeito de Caxias ligou para um médico, o ofendeu, chamando-o de irresponsável, negligente e não cumpridor de suas obrigações. Depois disso, ele montou uma farsa, um vídeo falando lentamente e calmamente com o médico e sem ofendê-lo. O médico foi xingado, foi exposto, mas isso não apareceu no vídeo – disse Marlonei.
Confira o vídeo na íntegra:
A reportagem tentou contato com o médico que atendeu ao telefonema de Guerra, mas não obteve retorno. Marlonei diz que o profissional não falará com a imprensa por enquanto e que, depois do ocorrido, está fazendo tratamento com psiquiatra.
Por meio da assessoria de imprensa, a prefeitura de Caxias do Sul afirmou que não foi notificada oficialmente sobre os processos na Justiça. Sobre a denúncia do presidente do Sindicato Médico, de que o vídeo publicado "é uma farsa", a assessoria garante que o material, como todos os demais vídeos da TV Cidade (produzidos pela assessoria de comunicação), foi editado, mas não cortado. O vídeo teria mais de três minutos de duração - o material publicado no Facebook da prefeitura tem 1 minuto e 40 segundos. Porém, a assessoria afirma que a parte que foi editada não é a fala do prefeito ao telefone. A reportagem do Pioneiro solicitou o vídeo na íntegra, mas o envio não foi autorizado. A justificativa dada pelo poder público é de que "a publicação do vídeo na íntegra possibilitaria a identificação do profissional e a prefeitura tem por objetivo preservar os servidores". Porém, a assessoria não detalhou como essa identificação ocorreria, nem confirmou se Guerra fala o nome do profissional durante a ligação.
Sobre a exoneração dos médicos, Marlonei afirma que, desde segunda, cerca de 12 profissionais pediram desligamento do serviço público. A secretaria da saúde não confirma a informação.