O deputado federal catarinense Rogério Peninha Mendonça (PMDB) foi quem indicou ao cargo no Ministério da Agricultura um dos fiscais federais alvos da Operação Carne Fraca. Fábio Zanon Simão, preso preventivamente e investigado pela Polícia Federal por corrupção, foi indicado em outubro de 2015, quando Kátia Abreu era ministra da pasta. As informações são do blog do Fausto Macedo, do Estadão.
Fábio teria negociado R$ 300 mil em propinas para autorizar a abertura de um abatedouro, a pedido do empresário Nilson Umberto Sachelli Ribeiro, preso preventivamente, e o pai dele, Nilson Alves Ribeiro, alvo de mandado de prisão. O dinheiro teria sido entregue ao irmão de Fábio.
A indicação de Zanon à chefia da assessoria parlamentar do gabinete da ex-ministra da Agricultura veio do PMDB e teria como padrinho o deputado Peninha, conforme o Estadão.
À reportagem do Diário Catarinense, o deputado classificou como uma "irresponsabilidade" ligar o seu nome ao de Fábio. O parlamentar admitiu que o indicou ao cargo de assessor assuntos parlamentares do Ministério da Agricultura, porém ressaltou que o fez ao lado de mais de 20 deputados. Peninha ainda disse que o cargo de Fábio era "irrelevante".
– Ele ficou grampeado por um ano e meio e não tem ligação nenhuma dele pra mim. Como vão dizer que eu indiquei para o cargo? – esbravejou o deputado.
Peninha ainda se disse "indignado" com a situação e que defende a prisão perpétua para quem comete crimes contra a saúde pública e também é um entusiasta do fim da imunidade parlamentar.
– Desafio a encontrar qualquer fato que me coligue com essa pessoa – disse Peninha.
Ao Estadão, o deputado afirmou que tinha "relação de amizade" com o fiscal preso preventivamente e admite ter participado, ao lado da bancada do PMDB, da indicação de Zanon à Agricultura, mas disse que "nunca imaginava que ele pudesse cometer qualquer delito ou irregularidade".
O nome do parlamentar apareceu também em um grampo da PF, com autorização judicial, divulgado no dia em que a operação Carne Fraca foi deflagrada. Na gravação, ele conversava com o executivo Roney Nogueira dos Santos, da BRF.
Segundo o relatório da PF, Roney fazia "contatos com políticos para solicitar ajuda para cumprimento/descumprimento de Normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento". Para a PF, o executivo "precisa de apoio (lobby)" sobre a IN 39 – norma que regula documentação sobre importação e exportação. Na época, Peninha disse ao DC não se lembrar de ter conversado com o executivo da BRF e que garantia não ter atendido a qualquer pedido de irregularidade.
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