Presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS), Melvis Barrios Junior, classifica como uma "obra de média complexidade" a escavação do túnel que poderia levar à maior fuga em massa da história do Presídio Central.
Segundo o engenheiro civil, que é especializado em geotecnia e fundações, as características do solo da região – material argiloso e ausência de níveis de água subterrânea – facilitam essas perfurações.
– É um material muito seguro para ser escavado, pois tem estabilidade. Estimo umas seis pessoas envolvidas nessa obra, e não é um pessoal despreparado. Provavelmente, gente que já trabalhou em obras civis, operários especializados na área de fundações – afirma.
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Conforme Barrios, o "grosso" do trabalho provavelmente foi feito de forma manual, com o auxílio de pás e brocas de perfuração. Cordas, baldes, mangueiras, ventiladores, carrinhos de mão, estacas de madeira e bombas para drenagem de água também foram encontrados no local.
O engenheiro calcula que foram retirados do local aproximadamente 50 metros cúbicos de terra – ou 50 toneladas de material argiloso. Esse volume seria suficiente para encher 10 contêineres de entulho.
Na avaliação do presidente do Crea-RS, o valor da obra – que teria custado R$ 1 milhão à facção que a encomendou – está "superestimado". Barrios também afirma que, se o trecho escavado não for aterrado, há risco de desmoronamento, com o tempo e trepidação provocada pelo trânsito de veículos.
OS DETALHES DA OBRA
Localização
- Rua Jorge Luiz M. Domingues, 13, bairro Coronel Aparício Borges, na zona leste da Capital.
- A casa onde o túnel começou a ser escavado fica a menos de 70 metros do Presídio Central, em linha reta. O pavilhão mais próximo do local é o D, mas o objetivo seria alcançar o B.
- A residência fica a 160 metros da sede do Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar.
Características
- 47 metros escavados (faltavam cerca de 60 metros).
- 3m75cm de profundidade.
- 1m40cm de altura.
- 60cm de largura.
Custo
- Facção iria gastar R$ 1 milhão, e os presos que fugiriam pelo local deveriam pagar, pelo menos, R$ 5 mil.
Duração
- O trabalho estaria sendo realizado havia dois meses, e a fuga estaria sendo planejada para ocorrer nos próximos dias, durante o Carnaval.
Materiais e equipamentos
- Pás, cordas, baldes, mangueiras, ventiladores, carrinhos de mão, estacas de madeira, brocas de escavação, bombas para drenagem de água.
Como a escavação era feita
- De forma manual, com o apoio de ferramentas simples, como pás e brocas de escavação. A terra era retirada com baldes, com o suporte de cordas e cabos de aço. Mangueiras e bombas de drenagem auxiliavam na retirada da água da chuva.
- Para cavar o trecho, a estimativa é que foram retirados cerca de 50 metros cúbicos de terra ou 50 toneladas de material argiloso, volume suficiente para encher 10 containers de entulho.
Fonte: Melvis Barrios Junior, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) do RS