A Polícia Civil de Santiago prendeu temporariamente, na noite de quarta-feira, um casal suspeito de ser o responsável pela morte do ex-vereador e atual secretário de Agricultura de Capão do Cipó, Alacir Dessoe, 63 anos, e a mulher dele, Araci Bernardete Dessoe, 58. Os corpos das vítimas foram encontrados na manhã de terça-feira às margens de um açude na propriedade do casal, que fica no interior de Capão do Cipó. Eles estavam desaparecidos desde domingo.
Conforme a delegada Débora Poltosi, que comandou as investigações, Volnei Dornelles dos Santos, 23 anos, disse que trocou o carro de Dessoe, que foi roubado, por R$ 50 e uma porção de maconha avaliada em R$ 30. A companheira dele, Danielle Garcia das Chagas, 22 anos, também foi presa temporariamente. Os dois foram encaminhados ao Presídio Estadual de Santiago.
De acordo com a delegada, as primeiras suspeitas recaíram sobre Santos e Danielle, já que os dois também foram dados como desaparecidos no domingo. Há cerca de quatro meses, eles moravam a menos de 50 metros da casa das vítimas. No local onde os corpos das vítimas foram localizados, também foram apreendidos um par de chinelos e uma boina, reconhecidas por vizinhos como pertencentes a Santos.
Ao realizar diligências a fim de buscar provas do crime, por volta das 20h de quarta-feira, os policiais encontraram a jovem em uma casa, que não teve o endereço revelado pela delegada. Ela foi levada até a delegacia e, enquanto prestava depoimento, foi pedida a prisão temporária dela, deferida pela Justiça. Mais tarde, por volta das 2h, uma denúncia dava conta de que Santos estava na mesma residência. A Brigada Militar foi ao local e também fez a prisão dele, que já havia sido decretada (também temporária, válida por cinco dias).
O crime
Segundo a delegada, durante o seu depoimento, Santos explicou como teria acontecido o crime. O suspeito disse que estava pescando em um açude próximo da casa dele e da propriedade das vítimas. Dessoe, que criava peixes no local, chegou até o suspeito e o repreendeu, já que não é permitida a pesca naquele açude. Nesse momento, o jovem teria desferido um soco em Dessoe e, na sequência, gravateou e acabou matando o secretário por asfixia.
Como o marido estava demorando, Araci foi ao local e acabou sendo morta pelo jovem da mesma maneira. O suspeito levou os dois corpos até próximo do açude, onde, na intenção de ocultar os cadáveres, encobriu-os com a vegetação. Depois dos assassinatos, Santos foi até a casa das vítimas e, com a ajuda de Danielle, procuraram por bens que poderiam ser roubados. Além do Prisma, a dupla levou dois celulares, um notebook e as carteiras com os documentos das vítimas.
Eles saíram da casa com o carro e foram até o bairro Irmã Dulce, em Santiago, conhecido por abrigar diversos pontos de tráfico de drogas. Lá, Santos teria trocado um dos celulares por uma pedra de crack de R$ 10 e negociado o veículo. O carro, segundo a delegada, foi visto, por câmeras de segurança da Polícia Rodoviária Federal, entrando em São Borja por volta da meia-noite de segunda-feira.
Quanto ao sangue encontrado na cama de um dos quartos da casa da vítima, Santos disse que era dele, já que havia se ferido. Ele também inocentou a companheira quanto às mortes, dizendo que ela apenas ajudou-o a pegar os objetos na residência.
– O primeiro fato que causou estranheza foi quando ficamos sabendo que esse casal vizinho das vítimas também estava desaparecido. Depois que encontramos os objetos que foram reconhecidos, já tínhamos certeza de que eram eles. Aí, fomos costurando a investigação para melhorar a prova. O depoimento dela não foi esclarecedor. Ele deu detalhes, mas ainda há muita coisa a ser analisada nessa versão. A investigação continua, principalmente para saber se o sangue na casa é realmente do suspeito, além de outras perícias que foram feitas no local da morte e na casa das vítimas e dos suspeitos – explica a delegada.
O casal deve ser indiciado por latrocínio. Dessoe e a mulher tinham três filhas.