Após dois massacres que causaram a morte de quase cem detentos em menos de uma semana, tropas da Força Nacional de Segurança serão enviadas aos Estados de Amazonas e Roraima, por meio de aviões da Força Aérea Brasileira, ainda na madrugada desta terça-feira, conforme explicou o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, na noite desta segunda-feira. Os 200 integrantes – cem para cada Estado – vão agir para reforçar o trabalho dos agentes penitenciários locais.
– Estamos deslocando entre hoje e amanhã, na madrugada, pela FAB (Força Aérea Brasileira), os homens e todo o equipamento de armamento e viaturas. Os homens vão realizar policiamento, apoio nos bloqueios e apoio no perímetro das penitenciárias – afirmou.
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Moraes enfatizou, porém, que a Força Nacional não fará a segurança dentro das penitenciárias. Os agentes vão trabalhar no entorno dos presídios, auxiliando para evitar fugas, recapturar fugitivos, realizar escoltas e movimentar presos no deslocamento até tribunais ou outros locais
– Nenhum pedido para a Força Nacional agir como agente penitenciário será deferido. Isso é ilegal pela lei que criou a Força Nacional. Ela é composta de policiais militares e há uma unanimidade, independente de ideologia, de que quem prende não deve cuidar. Isso é uma contingência legal –explicou.
A governadora de Roraima, Suely Campos, havia pedido ao Ministério da Justiça o apoio da Força Nacional para atuar "no controle da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo".
Na última sexta-feira, um confronto entre detentos deixou 33 mortos na unidade. O contingente de policiais será enviado, mas não para este fim.
– O apoio às barreiras, recaptura de presos, escolta de presos para irem ao fórum ou em transferências; isso a Força Nacional pode fazer. E foi definido tanto para Roraima, quanto para o Amazonas – explicou Moraes em coletiva na noite desta segunda-feira.
O governo do Amazonas, além de homens da Força Nacional, pediu o auxílio de um helicóptero para a busca dos presos que fugiram no início de janeiro, após rebelião que matou 56 homens no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). Roraima também pediu o envio de mais armamentos.
Pedidos de outros estados
O ministro também destacou o pedido de ajuda de outros cinco estados: Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Acre, Tocantins e Rondônia solicitaram outros tipos de apoio. Rondônia solicitou equipamentos e armas, além de apoio em transferências de presos, ainda em fase de análise pelo Poder Judiciário.
O estado do Acre pediu apoio na transferência de 15 presos, já autorizada pela Justiça. Mato Grosso do Sul também pediu apoio para transferir presos. Mas dos 22 que o estado pretende transferir, apenas sete já foram autorizados pela Justiça. O ministério aguarda a situação dos demais. Mato Grosso, por sua vez, solicitou armamentos e equipamentos. Tocantins receberá do ministério mais de 1,3 mil coletes balísticos masculinos.
Além disso, os Estados do Acre e Roraima também solicitaram ao ministro a aplicação de parte da verba recém recebida, R$ 32 milhões cada, para ampliar presídios. Os pedidos, disse Moraes, foram atendidos, uma vez que o dinheiro foi enviado para ampliar vagas de presos, seja construindo novas casas prisionais, seja ampliando já existentes.
*Agência Brasil