A morte de uma menina de um ano e sete meses por leishmaniose visceral, o primeiro caso da doença registrado na Capital, deixou os moradores do Morro Santana, na Zona Leste de Porto Alegre, em alerta para uma enfermidade pouco conhecida, mas bastante perigosa.
A doença é causada pelo protozoário Leishmania chagasi, transmitido por um inseto popularmente conhecido por mosquito-palha. Embora a doença atinja principalmente cães, seres humanos podem ser infectados, acidentalmente, pela picada do inseto. O mosquito-palha se contamina picando um cão infectado. A doença, entretanto, não é transmitida diretamente de uma pessoa para outra nem dos cães para as pessoas.
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Na região onde ocorreu o caso, as equipes de Vigilância de População Animal e da Secretaria Especial dos Direitos Animais (Seda) fizeram testes com 103 cachorros. Destes, 21 tiveram a doença confirmada no teste rápido e no que foi enviado para o Laboratório Central do Estado (Lacen). Na Vila Tijuca, pela proximidade com o local, foram 111 animais verificados, dos quais 21 foram tiveram a doença confirmada no teste rápido. Ainda se aguarda a confirmação do teste do Lacen. Todos os animais positivados foram encoleirados, microchipados e levados das residências, ficando sob os cuidados da Seda.
Só da residência da dona de casa Katia Navarro foram retirados quatro cães detectados com a doença. Sobrou apenas Neguinho, um filhote que não tem a doença.
– A gente não conhece essa doença e fica preocupada em pegar, porque tem muito mosquito aqui – preocupa-se Katia.
Na região mais afetada não há água encanada e o esgoto corre a céu aberto entre as casas da área invadida. Com duas filhas pequenas, a dona de casa Renata Cristina Silva de Oliveira, 20 anos, recebeu repelente do posto de saúde mas só pode passar na pequena Sara de dois anos e seis meses. A caçula Emilly, de um ano e quatro meses, não tem idade para usar o produto fornecido:
– Uma filha está protegida e a outra não. Depois disso (da morte do bebê), eu tenho medo pelas minhas filhas. Eu limpo o pátio, mas não adianta só o meu esforço porque existe esgoto em toda rua.
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Mãe da criança que morreu, a dona de casa Amanda Pereira da Silva, 21 anos, ficou por quatro meses tentando diagnosticar o motivo da febre quase diária da filha. Levou a menina diversas vezes na ESF Laranjeiras, mas em nenhuma delas o bebê saiu com um diagnóstico. Percorreu as emergências dos Hospitais Conceição, Santo Antônio e também foi ao Pronto-Atendimento da Bom Jesus.
– Toda semana íamos no médico, diziam que era virose, os dentes saindo, sinusite. Até tratamento para asma fizeram – relata a mãe.
Saúde
Moradores do Morro Santana temem por novos casos de leishmaniose
Morte de menina ascende o alerta em comunidade da Zona Leste de Porto Alegre
Jeniffer Gularte
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