O fato de a região Sul ter se abalado bem menos com a recessão brasileira na comparação com as demais regiões do país chamou a atenção da revista inglesa The Economist, uma das publicações mais respeitadas do mundo. Na edição desta semana, um texto de pouco mais de duas páginas explora as diferenças culturais - como beber chimarrão - dos três Estados do Sul, mas, especialmente, os contrastes econômicos.
"Embora a região não tenha se livrado da pior recessão na história moderna do Brasil", diz o texto, seus efeitos foram moderados. O desemprego do Sul dobrou para 8% desde que a crise começou em 2014, mas continua bem abaixo da média nacional de 11,8%. "A região tem algumas lições a ensinar ao resto do país", afirma a matéria.
Parte do diferencial do Sul é creditado à "sorte" de não ter as riquezas naturais de outros lugares. Enquanto os colonizadores portugueses se interessavam pela cana de açúcar do Nordeste ou pelo ouro de Minas Gerais, os imigrantes que vieram para o Sul desenvolveram uma cultura empreendedora com base na necessidade. O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, diz, na publicação, que o empreendedorismo nasceu aqui por uma questão de sobrevivência.
As pequenas propriedades e a forte cultura cooperativista também são outros pontos que tornam o Sul diferente do restante do Brasil. Santa Catarina, por exemplo, é o Estado brasileiro com o maior número de operações de microcrédito. O cooperativismo ainda desenvolve a educação por meio das universidades comunitárias. Chapecó, informa a publicação, tem duas universidades deste tipo. Toda essa bagagem histórica fez da região a menos desigual do Brasil segundo a The Economist.
O polo tecnológico de Florianópolis também é destaque, assim como uma empresa de Pato Branco (PR) que produz drones para a agricultura, e a gigante BRF.
A matéria, entretanto, aponta problemas, dos quais os governos da região são apontados como culpados, como a crise fiscal no Rio Grande do Sul e a infraestrutura. "Uma viagem de Concórdia - sede da BRF - a Florianópolis pode levar 11 horas de caminhão". O êxodo rural também é citado como um dos problemas.
O texto é de autoria do jornalista polonês Jan Piotrowski, correspondente da The Economist no Brasil.
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