Anunciado no fim da semana passada como novo secretário do setor mais conflagrado do governo gaúcho, Cezar Schirmer reuniu-se, na manhã desta segunda-feira, com a cúpula da segurança pública. Esperava-se que fossem anunciadas medidas de combate ao avanço da criminalidade, mas ele somente elencou antigas proposições que ainda não se concretizaram.
Schirmer destacou a criação de vagas no sistema prisional como a prioridade para estancar a onda de violência que atemoriza os gaúchos. Trata-se de uma das três determinações do governador José Ivo Sartori ao colega, além da superação de entraves burocráticos para concretizar medidas anunciadas anteriormente e o aumento do policiamento nas ruas.
O enunciado do novo secretário indica que o aumento do sistema prisional tornou-se uma peça-chave na estratégia de combate à insegurança adotada pelo Palácio Piratini.
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– Entre as vítimas de homicídios, 73,4% têm um histórico de passagem pelas instituições policiais, e 44,19% dos autores também tem um histórico de passagens pela Susepe (Superintendência dos Serviços Penitenciários). Isso é, em algum momento das suas vidas foram presos. Se arredondarmos, diríamos o seguinte: 50% dos homicídios praticados em Porto Alegre e na Região Metropolitana são de pessoas que já cometeram algum crime. Está na hora de o poder público enfrentar essa realidade com firmeza e convicção para tirar os criminosos das ruas e certamente com isso podemos reduzir os índices de criminalidade – disse Schirmer.
O secretário reconheceu a urgência de aumentar a segurança à população, mas não indicou de que forma as vagas prisionais podem ser ampliadas de forma imediata. Ele disse que ainda está focado no trabalho como prefeito de Santa Maria, cargo ao qual deve renunciar até a metade da semana, e que irá se debruçar sobre o tema quando assumir o novo cargo. A posse deve ocorrer na quinta-feira.
Na sexta-feira, Sartori anunciou o chamamento imediato de 770 policiais militares e 220 agentes da Polícia Civil – os servidores deveriam assumir em janeiro. Schirmer também não respondeu de que forma se dará a convocação, uma vez que, imerso em uma crise financeira, o governo tem parcelado salários do funcionalismo mês após mês.
– Há procedimentos burocráticos, que eu não sei exatamente quais são, mas, se o governador anunciou, vamos chamá-los. O que eu vou fazer é sair correndo atrás. Sabe aquela política que diz que, diante de um processo, tu tens duas soluções: ou mandar pelos caminhos normais e leva-se 30 dias para passar de uma sala para outra ou coloca embaixo do braço, atravessa a sala e resolve em um dia. Eu vou escolher a segunda opção. Todas as questões que dizem respeito à segurança pública vou colocar embaixo do braço e sair a campo. Essa é a minha tarefa – finalizou.