A fazenda Saco do Bom Jesus, em Goiás, que pertencia ao falecido marido da senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), Octávio Omar Cardoso, foi ocupada por cerca de 300 manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) na madrugada desta quinta-feira. A informação é do site oficial do movimento.
Conforme o MST, a fazenda foi declarada improdutiva, uma vez que apenas 600 cabeças de gado (conforme a escritura pública) habitavam a área de 1.909 hectares – o que equivaleria a uma lotação de 0,31 cabeça por hectare, considerada baixa pelos militantes. Em nota, a senadora explica que a propriedade foi vendida em 2014 "e o processo de transferência ao novo proprietário está em fase de conclusão".
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Ainda segundo a nota, Ana Amélia acredita que a ocupação da propriedade pelo MST foi uma retaliação por seu voto favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, de quem o movimento é simpatizante.
Nas eleições de 2014, a terra foi alvo de polêmica, porque, na época, estava no espólio de Cardoso e não foi declarada na lista de bens da candidata à Justiça Eleitoral. Por ser casada em comunhão total de bens com Cardoso, alguns opositores defenderam que Ana Amélia herdou parte da fazenda automaticamente e, por isso, o terreno deveria ter sido mencionado.
Confirma a nota da senadora na íntegra:
"Esclareço que a fazenda Saco de Bom Jesus, localizada em Formosa (GO), alvo de invasão pelo MST na madrugada desta quinta-feira (8), foi vendida em 2014, e o processo de transferência ao novo proprietário está em fase de conclusão.
Essa propriedade rural fazia parte de um espólio no qual eu e as filhas do meu marido, Octávio Cardoso, falecido em 2011, éramos herdeiras. A venda ocorreu em agosto de 2014, conforme registro no Cartório 2º Tabelionato de Notas, em Itumbiara (GO), e foi declarada no imposto de renda de todos os herdeiros na declaração seguinte, como determina a lei.
A área já havia sido alvo de outras denúncias caluniosas por parte do mesmo grupo, na campanha eleitoral de 2014, no Rio Grande do Sul. O Procurador-Geral da República determinou o arquivamento desse processo pela improcedência da denúncia.
Lamento que seja uma retaliação do MST pelo meu voto favorável ao impeachment. Essa é a reação antidemocrática por não aceitarem a decisão tomada pelo Senado Federal.
Lamento muito os prejuízos e os transtornos que enfrentam os novos proprietários e espero que essa situação possa ser resolvida brevemente, de forma legal e pacífica. Confio na justiça para uma rápida e justa solução.
Senadora Ana Amélia (PP-RS)"