Pelo segundo ano consecutivo, Gramado, na Serra, conquistou o primeiro lugar no ranking gaúcho do índice de gestão fiscal elaborado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Com 34,6 mil habitantes, a cidade manteve o conceito A, um indicativo de excelência na administração municipal (com pontuação de 0,8659). O último lugar coube a Dezesseis de Novembro, nas Missões.
O resultado de Gramado, segundo a Firjan, decorreu, principalmente, da alta capacidade de gerar receita própria e de fazer investimentos. Tanto assim que a cidade ficou em sexta posição entre as prefeituras brasileiras.
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Em seu segundo mandato, o prefeito Nestor Tissot (PP) atribui o êxito a um conjunto de fatores, em especial ao desenvolvimento do turismo.
– Nossa condição de polo turístico nos garante uma receita significativa, e isso vem sendo construído há muitos anos. Lá atrás, nos chamavam de sonhadores, de loucos. Hoje, essa estrutura está nos dando retorno. Mesmo com a queda nos repasses federais e estaduais, estamos conseguindo bons resultados – diz Tissot.
Conforme o prefeito, a crise econômica acabou, de certa forma, beneficiando Gramado. Por conta da alta do dólar, muita gente deixou de viajar para o Exterior e apostou na serra gaúcha, o que contribuiu para turbinar a arrecadação municipal.
Ao mesmo tempo, Tissot diz que a prefeitura mantém controle rigoroso dos gastos e que, de 15 secretários, nove são servidores de carreira.
Confira aqui os resultados completos.
Em último lugar, Dezesseis de Novembro sofre com queda de repasses
Na outra ponta do ranking da Firjan entre os municípios gaúchos, Dezesseis de Novembro, nas Missões, viu a arrecadação despencar no último ano, o que prejudicou a gestão das finanças. A queda na receita resultou, segundo o prefeito Ademir José Andrioli Gonzatto (PP), a dois motivos principais: chuvas torrenciais que atingiram a produção de alfafa, principal item produzido no município agrícola de 2,7 mil habitantes, e queda nos repasses federais e estaduais.
Gonzatto estima que só o valor do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) caiu em torno de 20% de 2015 para cá. Além disso, a prefeitura aguarda valores devidos pelo Estado para as áreas de saúde e de educação, estimados em cerca de R$ 500 mil.
– Parece pouco, mas para nós faz diferença. A situação está muito complicada. Não temos indústria, a população é composta basicamente de idosos, porque a maioria dos jovens foi embora, e dependemos muito da agricultura – diz Gonzatto.
As dificuldades são tantas que o prefeito avalia a possibilidade de não concorrer à reeleição – decisão tomada por pelo menos um terço dos administradores municipais do Estado, segundo levantamento da Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs).