A fila em frente ao prédio da Defensoria Pública de Caxias do Sul em alguns dias da semana denuncia a demanda crescente da população pela judicialização, principalmente de casos envolvendo direito de família, mas também de ações na área da saúde e educação. Os atendimentos cresceram 45% no primeiro semestre deste ano, comparado ao mesmo período do ano passado. Somando os processos de todas as defensorias, são 10,8 mil casos neste ano contra 7,4 mil nos primeiros seis meses de 2015.
Os defensores das varas de família concentram a maior parte da demanda. São 6 mil atendimentos neste ano, de situações como ações de alimentos e divórcios. No mesmo período do ano passado eram 4 mil. O aumento foi de 50%. Nas demais varas, cível, de infância e juventude e criminal foram 4,8 mil casos neste ano contra 3,4 mil no primeiro semestre de 2015. O crescimento da demanda é de 41%.
Os meses de junho e julho foram os de maior movimento. A partir deste período, a média de atendimentos chega a 140 pessoas por dia. Caxias tem 10 defensores públicos, com expectativa de receber mais dois em setembro. De acordo com Cláudio Luis Covatti, a média de processos por profissional é a maior do Estado, inclusive em relação aos casos da Capital. Na última apuração, eram 1,9 mil casos por defensor em Caxias.
Além do número reduzido de profissionais, a situação econômica da cidade, atrelada à indústria automotiva, ajuda a explicar o fenômeno, principalmente na área de família e na cível, com ações de saúde e educação. "Em razão das demissões, muitas pessoas perderam acesso a planos de saúde e tentam buscar tratamento médico público, enfrentam dificuldade e acabam tendo que judicializar para buscar uma resposta", exemplifica Covatti. O defensor também cita a busca maior por creches e até mesmo o aumento de atritos familiares em função da crise.