Depois de registrar a maior superlotação do ano, o Pronto-Socorro (PS) do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) pede socorro ao governo do Estado.
Conforme a direção do hospital, depende de aprovação da Secretaria Estadual de Saúde a habilitação do PS em uma nova categoria do Sistema Único de Saúde (SUS). Na prática, o hospital já atende casos de alta complexidade, mas precisa de reconhecimento no papel para mudar de classe e se tornar Hospital Especializado Tipo II.
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A mudança implica, segundo a direção, em reflexos assistenciais e de remuneração. Se efetivada a habilitação, o hospital contaria com um recurso federal de cerca de R$ 5 milhões/ano a mais em seu orçamento. Atualmente, o recurso é de cerca de R$ 60 milhões/ano. Esse valor seria totalmente revertido em melhorias estruturais na instituição.
A habilitação do PS, que hoje é o único da região a atender urgência e emergência de maior complexidade e gravidade, também seria pré-requisito para que hospitais de outros municípios tenham os chamados leitos de retaguarda. Esses, internariam pacientes já estabilizados no PS, melhorando o fluxo de atendimento, priorizando os casos de gravidade e diminuindo a superlotação.
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As tratativas dessa habilitação vêm desde fevereiro deste ano, com a elaboração do Plano de Urgência e Emergência discutido durante uma audiência proposta pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa que reuniu autoridades locais e regionais no Husm.
Durante a coletiva de imprensa, a superintendente do Husm Elaine Resener foi enfática:
– O caminho não é termos mais leitos, mas, sim, a segurança dos pacientes na emergência. Precisamos encaminhar os que já estão estabilizados para os leitos (de retaguarda) dos hospitais de outros municípios. Para que funcionem é simples: alguém precisa pagar a conta – declara.
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De acordo com o delegado da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ªCRS), Roberto Leopoldo Schorn, o Plano de Urgência e Emergência para viabilizar a habilitação em Hospital Especializado Tipo II só depende de superar entraves burocráticos. Contudo, não há uma previsão de quando os leitos de retaguarda passariam a funcionar. Conforme Schorn, é possível, que na próxima semana haja uma resposta:
Shorn ainda enfatizou que está no cargo de delegado da 4ª CRS desde maio deste ano.
O diretor de Assistência Hospitalar da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Francisco Paz, adiantou que, na próxima semana, virá a Santa Maria para uma reunião de ajustes sobre o assunto, junto com representantes da 4ª CRS e do Husm:
– Estamos avaliando uma série de providências para uma decisão global que envolve contratações e planificações. Esse não é um caso só de Santa Maria, mas de vários hospitais do Estado. Estamos estudando como remanejar recursos e em negociação com os secretários municipais.
Na manhã desta quinta-feira, o PS operava com 53 pacientes, sendo seis graves, entubados e submetidos à ventilação mecânica. O PS comporta 24 leitos e 19 macas para observação na Emergência, com equipe dimensionada para essa capacidade.