Uma igreja da Assembleia de Deus que estava em obras desabou na quarta-feira, por volta das 15h, em Diadema, na região metropolitana de São Paulo. Três pessoas ficaram soterradas, e quatro, feridas. Segundo a prefeitura, a obra ocorria sem autorização.
Dois homens foram resgatados dos escombros durante a madrugada desta quinta-feira. As equipes dos bombeiros ainda tentam encontrar uma mulher que também estaria no local na hora do acidente. As quatro pessoas feridas foram atendidas em hospitais da região.
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A igreja funcionava há cerca de 60 anos no local, na Rua dos Jacarandás, segundo informou a Assembleia de Deus. Parentes de vítimas contaram que, no momento do acidente, acontecia uma cerimônia chamada "culto de libertação".
Um estrondo teria precedido o desmoronamento. A igreja ficava em um prédio de três andares, e as obras ocorriam para ampliar a garagem da edificação, no térreo.
A secretária de Governo de Diadema, Regina Gonçalves, informou que a igreja havia recebido notificação para paralisação da obra na segunda-feira passada.
- Identificamos uma movimentação de terra que estava sendo feita sem autorização e notificamos a igreja para imediata suspensão - disse.
O assessor jurídico da Assembleia de Deus - Campo do Taboão -, pastor Kaique Nicolau de Lima, confirmou a execução da obra de maneira irregular.
- Temos mais de 60 igrejas em nossa região. Às vezes, alguém começa uma obra sem que tenhamos conhecimento. Soubemos dessa obra de ampliação há duas semanas e já havíamos determinado ao pastor para que suspendesse os serviços. A obra estava parada há duas semanas - disse o pastor.
Lima afirmou ainda acreditar que a obra possa ter contribuído para o acidente.
- Creio que tenha sido algo de estrutura mesmo. A igreja funcionava aqui há uns 60 anos - observou.
O delegado do 4º DP de Diadema, Miguel Ferreira da Silva, foi ao local do acidente e ouviu de testemunhas que, no momento do culto, operários trabalhavam no local na retirada de entulhos.
Resgate
Ao menos 70 homens da Corpo de Bombeiros trabalhavam no resgate dos soterrados na noite desta quarta. Um dos homens presos sob os destroços é o desempregado Anderson Peres Thiago, 23 anos. Segundo seu irmão, Maick Pires Thiago da Silva, 20 anos, a vítima estava frequentando a igreja há aproximadamente um mês.
- Ele estava um pouco perdido na vida, enfrentando uns problemas e passou a ir a igreja - frisou.
A mulher de Thiago, que acostumava acompanhá-lo aos cultos, não estava presente no momento. A família, moradora do mesmo bairro, foi avisada por vizinhos. O Corpo de bombeiros ainda não havia confirmado a identidade das outras duas pessoas presas.
Segundo o tenente Rafael Marques, Thiago se queixava de dor e aguardava o resgate.
- Como o local do acidente ainda é o que chamamos de zona viva, em que há movimentação de terra, não podemos entrar com maquinário pesado para acelerar o resgate - destacou o militar. - Estamos usando as mãos e pequenas ferramentas para retirar o volume de material e chegar até as duas vítimas que já localizamos - concluiu.
A segunda vítima localizada é um homem identificado apenas como Ezequiel, que teria mais de 50 anos, amigo de Anderson. A terceira é uma mulher. Até as 20 horas, ela ainda não havia sido localizada.
- Nosso foco agora é o salvamento das duas pessoas que já localizamos. Quando terminarmos de resgatá-los, aí vamos passar a buscar a terceira vítima - informou.
Conforme o oficial dos bombeiros, possivelmente cães farejadores serão levados até a zona de busca.
Feridos
Segundo a prefeitura de Diadema, quatro pessoas que foram resgatadas logo após o desmoronamento foram atendidas em dois hospitais da região - o hospital estadual de Serraria e o Quarteirão da Saúde municipal. Três das vítimas eram crianças de dois, três e cinco anos. A quarta vítima é uma mulher de 37 anos. Todos tiveram ferimentos leves e não corriam risco de morte.
Segundo o representante da igreja, nos cultos, é comum que as crianças fiquem em salas separadas dos adultos.
- Elas estavam em uma área que sofreu menos com o impacto do desmoronamento - apontou pastor Kaique.
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