O Ministério Público denunciou nesta segunda-feira os sete suspeitos de envolvimento na morte e decapitação do adolescente Israel Melo Júnior, 16 anos, que ocorreu em fevereiro deste ano em Joinville. O crime chocou a cidade após um vídeo, que mostra a decapitação, ser postado nas redes sociais. O caso agora será analisado pelo juiz da 1ª Vara Criminal, Roberto Lepper, que poderá aceitar a denúncia e dar início ao processo que deve julgar os suspeitos.
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Os acusados vão responder por sete crimes: cárcere privado (por duas vezes) contra duas pessoas, que foram usadas como isca para atrair Israel; homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe (briga entre facções), tortura e dissimulação (forma com que a vítima foi atraída); destruição de cadáver; ocultação de cadáver; vilipêndio(exibição da decapitação em vídeo); e formação de quadrilha.
Mais da metade dos assassinatos deste ano em Joinville são execuções
Segundo o promotor Ricardo Paladino, todos os suspeitos foram denunciados pelos sete crimes porque há provas consistentes de que eles planejaram e executaram toda a ação. Ele acredita que, caso sejam condenados por todos os crimes, a pena pode chegar a aproximadamente 50 anos para cada um. Eles poderão ser levados para júri popular.
Investigação de crime revela área precária na zona Sul de Joinville
- O Ministério Público está muito seguro da realidade dessa prova produzida e tenho certeza da consistência daquilo que foi feito pela Polícia Civil - afirma.
Os suspeitos Henrique Alexandre Guimarães (conhecido como Rico), 21 anos; Leonardo Felipe Bastos (Leo), 19 anos; Luciano da Silva Costa (Madruga), 22 anos; Thomaz Anderson Rodrigues, 18 anos; e Valter Carlos Mendes (Tai), 33 anos, estão presos temporariamente no Presídio Regional de Joinville. Jonathan Luiz Carneiro (Jacaré), 21 anos, está na Penitenciária Industrial de Joinville.
O promotor encaminhou nesta segunda-feira um pedido para que as prisões temporárias sejam convertidas em preventivas e os seis acusados permaneçam presos durante todo o processo. O sétimo suspeito, Carlos Alexandre de Mello (Neguinho), 27 anos, ainda está foragido e é procurado pela polícia.
De acordo com a denúncia, todos os envolvidos no crime são integrantes da facção Primeiro Grupo Catarinense (PGC). A vítima teria participação na facção rival, conhecida como Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo o documento, os sete suspeitos planejaram o assassinato de algum integrante ou simpatizante da organização rival como forma de fomentar a guerra entre os dois grupos.
Israel Melo Júnior foi decapitado em fevereiro (Foto: Divulgação)
Entenda o crime:
A denúncia descreve que o crime começou a ser executado por volta das 22 horas de 31 de janeiro, quando duas vítimas teriam sido sequestradas pelos acusados e mantidas em cárcere privado em uma casa na rua Dilson Funaro, no bairro Ulysses Guimarães, zona Sul de Joinville. As duas mulheres ficaram sob vigilância e ameaças constantes até a noite seguinte.
Os denunciados são suspeitos de mandarem mensagens pelo celular das vítimas para o adolescente Israel Melo Júnior, convidando ele para uma festa. Pouco tempo antes, o garoto havia gravado um vídeo com provocações ao PGC.
Na noite de 1º de fevereiro, Israel teria sido capturado pelos suspeitos e levado até o local onde foi morto, que ainda é desconhecido pela polícia. De acordo com a denúncia, "o crime foi cometido com emprego de tortura, com o intuito de proporcionar maior sofrimento físico e mental ao ofendido".
O grupo ainda é acusado de ter transportado o corpo da vítima até um lugar de difícil acesso, conhecido como Juquiá, onde ocorreu a decapitação. A ação foi descrita pelo promotor como uma "verdadeira demonstração de barbárie".
Os sete homens também são acusados de gravarem um vídeo que mostra a decapitação, esconderem o corpo em um local ainda desconhecido e levarem a cabeça de Israel, armazenada em uma sacola dentro de uma mochila, até a esquina da estrada Timbé com a rua Titan, no bairro Jardim Paraíso, na zona Norte. Ela foi encontrada por moradores em 2 de fevereiro, quando se deu início à investigação.
Segurança pública
MP denuncia sete suspeitos por morte e decapitação de adolescente em Joinville
Caso será analisado pelo juiz, que poderá aceitar a denúncia e iniciar processo de julgamento
Hassan Farias
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