O juiz Sergio Moro aceitou a denúncia contra o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) por quatro atos de corrupção e também por lavagem de dinheiro. O ex-parlamentar foi preso em 12 de abril pela Operação Lava-Jato e cumpre prisão preventiva no Complexo Médico-Penal em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. Com isso, Argello e outros oito denunciados viraram réus da Operação Lava-Jato, que investiga desvios de dinheiro da Petrobras. O magistrado rejeitou a denúncia contra Marcelo Odebrecht e outros dirigentes da empreiteira Odebrecht, recomendando aprofundamento dos indícios.
Entre os motivos para transformar Argello em réu estão o fato de ele ter pedido R$ 5 milhões para a empreiteira UTC Engenharia e R$ 350 mil para a OAS, duas empresas investigadas na Lava-Jato. Conforme a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), ele teria ameaçado constranger os dirigentes das duas construtoras na CPI da Petrobras, caso não recebesse suborno.
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Os recursos foram enviados a partidos indicados por Gim _ DEM, PR, PMN e PRTB _ na forma de doações de campanha. Agora ele foi denunciado pelo MPF. Argello não nega ter repassado o dinheiro, mas diz que foram doações legais.
Argello foi delatado nas colaborações premiadas do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), que está em prisão domiciliar, e do dono da UTC, Ricardo Pessoa. Os partidos beneficiados pelas doações de Argello formaram em 2014, junto com o PTB, a coligação "União e Força", pela qual Gim Argello era candidato a novo mandato de senador pelo DF. Ele não se reelegeu.
O fato mais curioso da denúncia é um depósito em dinheiro feito pela OAS, R$ 350 mil, nas contas da Paróquia São Pedro, ligada à igreja católica no Distrito Federal. Teria sido uma doação a Argello, que indicou a conta a ser beneficiada, a de um templo do qual é frequentador e apoiador. A notícia foi antecipada por ZH no dia da prisão de Argello.
Os R$ 350 mil foram depositados numa conta do banco Itaú mantida pela paróquia para manter um Centro de Apoio ao Tratamento de Alcoolismo. Os dados estão na ordem de prisão emitida pela 13ª Vara Federal de Curitiba contra Gim Argello.O dinheiro, segundo o Ministério Público Federal (MPF), foi repassado a Argello por José Aldemário Pinheiro Filho, o Leo Pinheiro, diretor da OAS (também denunciado ontem). Seria a contrapartida para o ex-senador não chamar integrantes da empreiteira para depor na CPMI da Petrobras - Argello era vice-presidente da CPMI em 2014. Leo Pinheiro apelidou Gim Argello de "Alcoólico", um trocadilho em relação à bebida gim.
Os que viraram réus hoje:
1) Dilson de Cerqueira Paiva Filho;
2) Jorge Afonso Argello (Gim Argello)
3) Jorge Afonso Argello Júnior (filho de Gim)
4) José Adelmário Pinheiro Filho (da OAS)
5) Paulo César Roxo Ramos
6) Ricardo Ribeiro Pessoa (da UTC)
7) Roberto Zardi Ferreira (da OAS)
8) Valério Neves Campos (da OAS)
9) Walmir Pinheiro Santana (da OAS)