O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava-Jato. O petista foi incluído no inquérito que investiga o senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) a partir da tentativa de evitar a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Janot apresentou um aditamento à denúncia já oferecida ao STF contra Delcídio, seu assessor Diogo Ferreira, o banqueiro André Esteves e o ex-advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, por tentarem comprar o silêncio do ex-diretor da estatal. No aditamento, o procurador-geral da República inclui, além de Lula, o pecuarista Carlos Bumlai e seu filho, Maurício.
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De acordo com Janot, os áudios captados pelo filho de Cerveró, Bernardo, deram "novos contornos" às investigações, e foi possível constatar que Lula, Bumlai e Maurício também atuaram na compra do silêncio de Cerveró "para proteger outros interesses, além daqueles inerentes a Delcídio e a André Esteves".
O inquérito em questão tramita sob sigilo na Suprema Corte e, até esta terça-feira, não se sabia da inclusão de Lula no processo. A denúncia original foi oferecida em dezembro do ano passado ao STF e apura a tentativa do grupo de embaraçar as investigações da Lava-Jato.
Por meio de nota, o Instituto Lula afirmou que a peça "apresentada pelo Procurador-Geral da República indica apenas suposições e hipóteses sem qualquer valor de prova" e que trata-se de uma "antecipação de juízo, ofensiva e inaceitável, com base unicamente na palavra de um criminoso".
A nota destacou ainda que Lula "não participou nem direta nem indiretamente de qualquer dos fatos investigados na Operação Lava-Jato" e que nos últimos anos, o ex-presidente "é alvo de verdadeira devassa".
"Suas atividades, palestras, viagens, contas bancarias, absolutamente tudo foi investigado, e nada foi encontrado de ilegal ou irregular. Lula sempre colaborou com as autoridades no esclarecimento da verdade, inclusive prestando esclarecimentos à Procuradoria-Geral da República. O ex-presidente Lula não deve e não teme investigações", conclui a nota.