Agitados pelos recentes casos de ocupações de escolas no Estado e descontentes com a situação enfrentada pelos colégios, estudantes de Caxias do Sul se mobilizaram, na manhã desta terça-feira, para debater. Houve reunião de estudantes para conversar sobre o assunto em pelo menos duas instituições, a Melvin Jones, no bairro Planalto, e a Emilio Meyer, no Exposição.
No colégio Melvin Jones, alunos do Ensino Médio e do 9º ano do Ensino Fundamental se reuniram. A intenção inicial, segundo o grêmio estudantil, é apurar quantos são favoráveis a uma possível ocupação da escola. Além disso, os estudantes trataram sobre o que é, de fato, uma ocupação. Caso os alunos decidam realizar o ato, os motivos são vários e vão além da questão salarial enfrentada pelos professores.
– Estamos sem papel higiênico, tem turma sem professor e o dinheiro para o lanche está diminuindo. Também tem o projeto de uma área coberta há anos, que não temos resposta. A gente vai ter consequência lá na frente por não ter uma base boa no Ensino Médio – aponta a presidente do grêmio, Mariana Gil, 17 anos, do 3º ano.
A diretora da escola, Ana Luisa Ocaña Ennes, acompanhou a conversa dos estudantes. Segundo ela, caso os alunos decidam pela ocupação, devem ter motivos claros:
– A nossa luta é nossa (dos professores), eles não têm que lutar por nós. Eles têm que conhecer o motivo deles de lutar, saber com o quê estão insatisfeitos.
A mobilização desta manhã foi acompanhada pelo Cpers/ Sindicato. Professor aposentado e representante dos aposentados no Cpers, Flávio Roth diz que nota a politização dos alunos.
– Queremos mobilizar os professores para que eles consequentemente mobilizem os alunos. É um trabalho lento. Pode ser até que ocupem com alunos de mais de uma escola no mesmo lugar, mas eles têm que ver que também estão sendo prejudicados, em relação à qualidade da escolas – aponta Roth, que nesta manhã carregava uma bandeira do Cpers.
No Emilio Meyer, cerca de 80 dos 500 alunos do turno da manhã se reuniram no ginásio, supervisionados por professores. Por lá, a intenção também foi esclarecer a respeito de ocupações e debater as demandas da escola.
– Deixamos o espaço aberto para a discussão. Quem quer ter aula está na sala, quem quer debater está aqui (no ginásio), que não deixa de ser uma aula também. Só não permitimos que os alunos fiquem pelos corredores matando aula – garante a vice diretora do turno da manhã, Michele Biondo.
Na última sexta-feira, professores da rede estadual de ensino declararam estado de greve. Em Caxias, ainda é baixa a adesão dos docentes.