A presidente Dilma Rousseff quer manter uma agenda política de trabalho, atividades e eventos durante o período em que estiver afastada da Presidência, caso os senadores aprovem nesta madrugada a admissibilidade do processo de impeachment contra ela. A intenção é continuar denunciando o "golpe parlamentar", como tem classificado, e criar a expectativa de que retornará ao poder em até 180 dias, período máximo segundo o qual os senadores devem julgá-la.
Após a votação, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), vai pautar um projeto de resolução que estipula os direitos que Dilma terá. Está previsto, porém, que ela continue ganhando o seu salário integral, permaneça no Palácio da Alvorada e possua a prerrogativa de ser assessorada por um pequeno grupo de pessoas.
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Pode ser que Dilma também tenha direito a utilizar aviões da Força Aérea Brasileira, pois na prática ela ainda estará no exercício do mandato. O vice-presidente Michel Temer será tratado como presidente da República em Exercício, e ela, presidenta afastada.
Alguns nomes foram definidos por Dilma para continuar em sua assessoria: o jornalista Olímpio Cruz, ex-secretário de imprensa do Planalto, vai cuidar da comunicação, junto com Roberto Stuckert Filho, fotógrafo oficial da presidente. A assessora especial Sandra Chagas Brandão, também vai participar da equipe.
Outra pessoa que deve integrar o grupo é o atual subchefe de Assuntos Jurídicos da Presidência, Jorge Messias, que ficou conhecido após ser citado por Dilma no grampo telefônico em que ela conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre sua posse da Casa Civil. Uma das pessoas mais próximas de Dilma, o assessor especial Giles Carriconde Azevedo vai chefiar a equipe, que deve contar também com o assessor Bruno Monteiro.
Exonerações
A exoneração da equipe de Dilma, que será publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial da União, deve conter cerca de 700 pessoas. Além de ministros e secretários executivos, os assessores mais próximos e os secretários nacionais também deixarão seus cargos. A intenção é evitar o constrangimento de serem demitidos pelo vice-presidente Michel Temer e que haja uma espécie de "pactuação com o golpe".
Em cada pasta, porém, uma pessoa será designada para prestar as informações necessárias. O Planalto evita utilizar a palavra "transição", mas quer demonstrar que possui responsabilidade com o país, embora a passagem esteja sendo feita para um governo que não foi "legitimamente eleito". Parte dos ministros vai solicitar à Comissão de Ética Pública da Presidência que continuem recebendo seus salários pelo período conhecido como quarentena, quando não podem desenvolver atividades relacionadas ao cargo anteriormente ocupado.
Duas exceções devem constar na exoneração desta quinta: o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e o ministro do Esporte, Ricardo Leyser, que deve ser deslocado para a secretaria-executiva da pasta devido aos preparativos para os Jogos Olímpicos.