A falta de anestesistas tem prejudicado o atendimento no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). E o setor mais afetado é o de traumatologia: em cerca de dois anos, a média de cirurgias mensais caiu 75% - de 40 para 10 por mês.
De acordo com o chefe da Divisão Médica do Husm, Larry Argenta, três concursos foram feitos nos últimos anos para contratar anestesistas, mas as vagas não são preenchidas. Hoje, há 35 vagas abertas, e 27 pessoas passaram no último concurso – o que não significa que haverá a contratação de todas. Desde que a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) assumiu o hospital, sete médicos entraram, e outros três saíram.
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No entanto, o problema é uma norma da gestora: deve haver um anestesista por sala, e não médicos residentes. Assim, não há profissionais para fechar a escala. Hoje, a média é de três anestesistas para cada uma das cinco salas. O potencial é de nove espaços, que acabam ficando fechados porque não há médicos.
O chefe do setor de Traumatologia do Husm, João Alberto Laranjeira, afirma que o rodízio de profissionais atrapalha os procedimentos. O hospital sofre, atualmente, com superlotação, principalmente porque outros hospitais da região deixaram de prestar atendimentos por conta da falta de repasses – o hospital de Faxinal do Soturno, por exemplo, que fazia cirurgias de traumatologia de menor complexidade, deixou de atender por falta de alvará. A espera por cirurgias pode agravar a situação do paciente, como explica Laranjeira
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– Nós estamos diante de uma situação crítica. A porta do hospital não foi fechada. Continuam entrando mais pacientes do que entravam. Se alguém for lá hoje, verá que os dois lados do Pronto Socorro estão ocupados. Pelo menos metade são nossos. Além disso, as fraturas têm um tempo para serem operadas. Uma semana, dez dias, porque, depois disso, o resultado não é mais o mesmo. E, dependendo do tempo que passar, não é mais cirurgia primária. É o tratamento de uma sequela. Nós temos muito medo de pacientes saírem com sequelas por causa dessa demora – alerta o médico.
Um exemplo são as fraturas que muitos idosos sofrem na arte superior do fêmur. A recomendação é que sejam operados em até 48 horas – caso contrário, outras doenças podem aumentar as chances de uma cirurgia mal sucedida. No entanto, com casos de urgências e cumprimento de demandas judiciais, esses procedimentos acabam sendo adiados. Hoje, são 13 cirurgiões na área, que chegam a ficar ociosos em determinados períodos.
Na última semana, a área recebeu três novos perfuradores ósseos, que ajudaram a amenizar um outro problema: em março, a equipe ficou sem nenhum equipamento, já que todos haviam estragado. Este novo é mais maleável, e funciona a bateria. Agora são oito equipamentos no hospital.