O fenômeno que assustou São Miguel das Missões – cidade de 7,7 mil habitantes localizada no noroeste do Estado – na noite de domingo foi um tornado. A confirmação é da meteorologista Patrícia Vieira, da Somar Meteorologia, que analisou fotos e vídeos gravados por moradores.
– É comum em estações de transição, como o outono – afirmou a especialista.
Forte tempestade, o tornado tem como principal característica uma nuvem em forma de funil (o que é possível ver nas imagens) em direção ao solo. Não há informações oficiais da velocidade a que chegaram as rajadas de vento que destelharam cerca de 70 casas, um CTG, um hospital e um museu arqueológico de São Miguel das Missões, mas, segundo Patrícia, os ventos giratórios do tornado podem alcançar de 110km/h a 500km/h.
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O agrônomo Claudio Lemainski divulgou imagens no Twitter:
Mesmo com pequeno diâmetro (centenas de metros até dois quilômetros) e curta duração (de minutos a meia hora), é considerado o fenômeno atmosférico mais devastador.
– O tornado é um dos fenômenos naturais mais bonitos e ao mesmo tempo mais destrutivos da natureza. Sempre que ouvimos falar que um tornado foi visto em algum lugar do mundo, quase sempre se fala em casas destruídas, árvores arrancadas e até mesmo mortes – afirma a meteorologista.
Na localidade de Rincão dos Moraes, interior da cidade missioneira, há relatos de que o tornado arrancou uma casa por completo e que um carro acabou "voando" para o campo, ficando completamente destruído.
– Eu estava em casa, com minha família, quando escutei o barulho. Fechamos todas as portas e ficamos dentro de casa. Com criança pequena, nem saíamos para olhar. Mas o barulho foi assustador – conta o policial militar Eliézer Carloto.
Como se formam os tornados?
As nuvens de tempestade, ou nuvens cumulonimbus, são aquelas bem escuras e que têm raios, trovões, temporal e até granizo. É como as que costumam ser vistas no verão no Brasil e que provocam chuvaradas de final de tarde.
– Agora, vamos imaginar que um monte de nuvens de tempestade como estas se juntam, bem perto umas das outras, formando uma nuvem gigantesca e que de tão grande pode ter o tamanho de uma pequena cidade. Esse monte de nuvem de tempestade junto tem o nome de "supercélula". E a supercélula é considerada a "mãe" do tornado – explica Patrícia.
Essa supercélula, segundo a meteorologista, provoca tempestade bem mais forte do que normalmente se vê, e essa tempestade provoca ventos fortíssimos dentro da nuvem e que vão para todos os lados. Esse sobe e desce de ventos faz a atmosfera ficar cada vez mais incomodada e a pressão do ar cai muito rapidamente. Ventos começam a girar na horizontal dentro da nuvem, formando uma espécie de rolo. Este rolo começa a querer ficar inclinado na vertical, levando o ar da base da nuvem para o seu topo.
Quando estes ventos se inclinam o bastante e ficam muito fortes, começam a forçar a nuvem para baixo, criando uma forma de funil, afirma a meteorologista. O tornado acontece quando os ventos desta nuvem funil ficam tão fortes e empurram a nuvem para o chão, formando um caminho que sai da nuvem até o solo, como se fosse um canal de vento.
– Assim que toca o solo, este funil age como se fosse um aspirador de pó: por onde vai passando, suga tudo para dentro do funil, mesmo coisas pesadas como carros, terra, animais, árvores etc. – complementa a especialista.
Esse fenômeno pode acontecer em qualquer lugar do mundo, mas a maioria acontece no Meio-Oeste Americano, nos Estados Unidos. Nesta região, que é bem plana e fica no meio de duas cadeias de montanhas famosas, Os Apalaches e As Rochosas, as pessoas já estão acostumadas e preparadas para quando esse fenômeno ocorre. No Brasil, os lugares mais comuns para formação de tornados são no interior do Rio Grande do Sul e o litoral das regiões Sul e Sudeste. Mas nada impede que se formem em outros lugares.
– Não vamos confundir tornado com furacão. Enquanto um tornado é pequeno e rápido, com até dois quilômetros do tamanho do funil, o furacão pode chegar a mil quilômetros e durar vários dias. Além disso, o furacão só se forma no oceano. O tornado pode se formar no chão ou na água. Neste caso, ele recebe o nome de tromba d´água – conclui Patrícia.