As entrevistas concedidas pelo advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira colocaram o criminalista fora de um eventual governo de Michel Temer, segundo o jornal Folha de S.Paulo e a coluna Radar, da revista Veja.
Na noite de terça-feira, o vice-presidente tomou conhecimento das declarações do amigo, que já falava como ministro da Justiça, e ficou decepcionado com as declarações. Mariz de Oliveira afirmou, aos jornais O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo, que não iria interferir na Operação Lava-Jato, mas criticou as delações premiadas e defendeu que a Polícia Federal tenha outras prioridades além da corrupção.
Conforme a Folha de S.Paulo, Temer afirmou a assessores que as declarações foram "ruins" e "erráticas". O vice-presidente, que assumirá provisoriamente a Presidência em caso de afastamento da presidente Dilma Rousseff após votação do processo de impeachment no Senado, avaliou que as entrevistas dão munição para os adversários que o acusam de desejar o fim da Lava-Jato.
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O advogado Antônio Claudio Mariz de Oliveira é amigo de longa data do peemedebista e atua como seu defensor no Supremo Tribunal Federal no âmbito da Lava-Jato. As menções a Temer contidas na delação do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) foram incluídas no inquérito conhecido como "quadrilhão", sobre formação de quadrilha no escândalo. A investigação já tem 39 investigados, entre políticos do PT, PP, PMDB e operadores do esquema. Em acordo de delação premiada, o parlamentar disse que o vice-presidente seria "padrinho" na petroleira de dois investigados na Lava-Jato.
Mariz também representou a Camargo Corrêa no escândalo desvendado pela Operação Castelo de Areia, de 2009, em que a empresa era acusada de crimes financeiros e lavagem de dinheiro. O nome do vice-presidente da República, então deputado federal, aparecia na contabilidade da empreiteira como beneficiário de valores ilícitos que somavam mais de US$ 345 mil. A operação, no entanto, foi anulada pelo Superior Tribunal de Justiça, que considerou ilegais as provas obtidas.