"Eu não vou manchar minha biografia", respondeu o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), quando instado por oposicionistas em reunião no seu gabinete na quarta-feira passada sobre se iria acelerar o andamento de eventual pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Casa.
A mesma frase foi dita naquela noite por ele quando convidou à residência oficial senadores do PT e aliados de Dilma para conversar sobre o rito.
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Se o pedido for aprovado pela Câmara, Renan será, aos 60 anos, o "árbitro" do impeachment, tendo poderes para ditar o ritmo do processo que opõe os dois principais personagens da crise que nunca lhe inspiraram confiança: Dilma, que demitiu todos os indicados pelo peemedebista do governo e de quem não recebeu uma suposta proteção ante ao avanço da Operação Lava-Jato contra ele, e o vice-presidente Michel Temer, desafeto histórico no PMDB e a quem já acusou, reservadamente, de tramar a derrubada da presidente junto com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O peemedebista, que trabalhou contra o avanço do pedido para não aumentar o cacife de Temer e já deu declarações enigmáticas sobre o impeachment, é tido como a principal aposta dos senadores do PT para barrar a instauração do processo contra Dilma.
Eles esperam que Renan atue no "limite do regimento" a fim de dar prazo para que haja uma recomposição da base da presidente no Senado e impeça a aprovação do pedido por maioria simples, o que levará a um automático afastamento de Dilma por 180 dias e a assunção de Temer com plenos poderes para governar.