Morreu nesta quarta-feira o artista gráfico Rogério Duarte, um dos principais responsáveis pelo visual do movimento tropicalista. Duarte, que havia completado 77 anos no último domingo, faleceu no Hospital Santa Lúcia, em Brasília (DF).
Nascido em Ubaíra, na Bahia, na década de 60, Duarte mudou-se para o Rio de Janeiro, onde exerceu função de artista gráfico na União Nacional dos Estudantes e na Editora Vozes.
Na segunda metade dos anos 60, Duarte envolveu-se com os artistas que deram corpo à Tropicália, movimento este cujo imaginário visual será sempre associado à arte do baiano, que foi responsável pelas capas de discos como Caetano Veloso (1969) e Frevo Rasgado (1968), de Gilberto Gil, .
O artista também atuou como parceiro de Glauber Rocha, produzindo a arte dos pôsteres de Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) e A Idade do Sol (1980). Em Deus e o Diabo, o artista, que também era músico e poeta, foi responsável pela trilha sonora.
Duarte foi um dos primeiros artistas associados à Tropicália a serem presos pelo Regime Militar Brasileiro. Após denunciar os casos e tortura da ditadura, Rogério e seu irmão, Ronaldo Duarte, foram levados à carcere e torturados pelos militares.
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Estudioso do sânscrito, Duarte é responsável por uma tradução do Bhagavad Gita, texto religioso de origem hinduísta, para a língua portuguesa.
Além disso, o artista é responsável pelo livro Tropicaos. Lançado em 2000, o livro relata o ponto de vista de Duarte sobre a ditadura militar, a Tropicália e outros temas. Sua vida deu origem ao documentário Rogério Duarte, o Tropikaoslista (2o15), de José Walter Lima.
Rogério Duarte também produziu capas de discos para Jorge Ben, João Gilberto, Gal Costa e Titãs, entre outros.