Alunos mais concentrados, focados nos estudos e em condições de compreender melhor os conteúdos. Essa é a percepção da direção e professores do Centro Municipal de Educação Básica Camilo Alves, no Bairro Parque Amador, em Esteio, depois das primeiras semanas do projeto Meditação na Escola.
Desde o início do ano letivo, os momentos após a entrada dos turnos da manhã e tarde, e também depois do recreio, no caso do turno da manhã – que, geralmente, são marcados pela agitação e o barulho – agora são de concentração e relaxamento.
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Enquanto os alunos ainda estão no pátio, o diretor Euclides Castro pega o microfone e começa a conduzi-los até as salas de aula. A fala é acompanhada por uma música própria para ajudar no processo mental, que dura cerca de cinco minutos.
– Vamos concentrando em nossa respiração, enchendo profundamente o nossos pulmões, respirando lentamente, relaxando o nosso corpo. Sentindo nosso corpo relaxado, vamos ficar com a coluna reta, numa posição confortável – diz o diretor.
Nas salas de aula com as luzes apagadas, os alunos de olhos fechados e com os braços estendidos em cima das classes, ouvem a música suave e a condução da meditação, que continua com os professores.
"O rendimento da aula é outro"
– A meditação é uma coisa muito legal porque tu te sente mais relaxado. A gente fica cansado e aí na meditação a gente descansa. A meditação poderia melhorar o mundo se mais pessoas fizessem – opina o aluno do quarto ano, Gabriel de Lima, nove anos.
A colega Isabela de Melo Paz, nove anos, também do quarto ano, concorda:
– Eu me sinto mais calma. No começo, era um pouco difícil, mas depois consegui ficar parada porque a música ajuda.A proposta teve início no ano passado. Nas reuniões pedagógicas mensais, os professores foram convidados a conhecer sobre a meditação e aprender o processo. O projeto foi desenvolvido pela psicopedagoga Isabel Iishvarii Souza. Como o resultado foi positivo entre os docentes, no sentido do alívio da tensão em sala de aula e para o autoconhecimento, neste ano o projeto foi estendido aos cerca de 600 alunos da educação ao ensino fundamental completo.
– É muito difícil chegar na sala de aula após o recreio. Leva de dez minutos para mais o tempo para os alunos se aquietarem. Com a meditação, o rendimento da aula é outro, os alunos se concentram na aula e entendem melhor os conteúdos – observa o professor de Ciências do sexto ao nono ano, Eduardo Ferreira.
A professora de Linguagens, Fabiane Guazina, concorda que os benefícios se estendem a alunos e professores.
– Aprendemos a lidar com as nossas emoções. Às vezes, na sala de aula, a gente se exalta e a meditação ajuda a ter calma para pensar em cada situação – opina a professora.
Lidando com a resistência
Como a meditação – principalmente em ambiente escolar – é algo que, inicialmente, causa estranhamento aos estudantes, para que o projeto tivesse a adesão da maioria das turmas, foi realizado um período de formação dos alunos, no qual foi apresentado um vídeo com informações e testemunhos de pessoas que já desenvolveram a meditação.
– Desde o início o projeto foi bem aceito. Claro que tem aqueles que não conseguiam fechar os olhos, que davam risada, mas isso foi no início. Pelo menos 90% já aceitaram e estão aproveitando – esclarece o professor Eduardo.
No turno da manhã, partiu dos próprios alunos o pedido para que a meditação oferecida no início do turno fosse repetida após o recreio.
Resultados na escola e também em casa
– Eu notei muita diferença. Antes, eles eram agitados, barulhentos, e agora estão mais tranquilos. A meditação é boa porque ficando em silêncio, pensam na família, nos estudos, em Deus – comenta a costureira Ereni Espíndola, 56 anos, mãe da aluna Ana Alice, 13 anos, da oitava série.
Já a artesã Carina de Lima Dutra, 36 anos, teve contato com a meditação numa reunião de pais e adotou para o dia a dia.
– A gente é muito ansioso. Eu tenho utilizado a meditação em casa. Paro, respiro. As crianças chegam em casa contando, dizem que estão mais calmas – conta a mãe dos alunos Gabriel, nove anos, do quarto ano, e Alice, cinco anos, do pré.
– A meditação a gente faz pela questão científica, não é ligada à religião. O ato da respiração oxigena o cérebro e é um artifício para focar em si mesmo. Só tem benefícios como ser humano e como profissional – explica o diretor Euclides Castro.
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