
Eram cerca de 22h – e os votos pró-impeachment contavam cerca de 300 – quando o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara dos Deputados, falou a jornalistas para admitir a derrota na votação deste domingo sobre o envio ao Senado do processo de impeachment de Dilma Rousseff. Além de dizer que "os golpistas venceram", garantiu que o governo seguirá lutando:
– Será uma guerra lenta, gradual, segura e prolongada que vamos fazer, até porque o vice-presidente não tem condições de comandar o país. Haverá luta nas ruas e no Senado Federal – disse.
Segundo Guimarães, há "campo político" para disputa e a derrota é momentânea.
– As ruas estão conosco.
Petistas acreditam que têm, hoje, 28 votos certos entre os 81 senadores – número insuficiente para impedir que Dilma seja afastada temporariamente.
Governistas já admitem acionar STF
O vice-líder do PT, Paulo Pimenta (SP), deu os primeiros sinais de que o impeachment da presidenta Dilma Rousseff deverá ser aprovado pelo plenário da Câmara dos Deputados e admitiu que os governistas pretendem acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar o impedimento da presidenta. Pouco antes das 21h, quando a oposição já tinha conquistado pouco mais der 200 dos 342 votos necessários para a aprovação da matéria, Paulo Pimenta, no Salão Verde, que nem partido nem movimentos sociais reconhecerão um governo federal que terá à frente Michel Temer, "um político com menos de 1% das intenções de voto" dos brasileiros; e na vice-presidência Eduardo Cunha, "um réu da Lava Jato corrupto que abriu o processo de impeachment para se salvar da cadeia", disse o vice-líder do PT, ao referir-se ao presidente da Câmara dos Deputados. Segundo ele, a votação deste domingo "é apenas a primeira etapa" de um processo golpista em curso.
– Não há nenhuma chance de um governo Temer-Cunha ter legitimidade. É um governo ilegal, ilegítimo, vai mergulhar o país numa profunda crise institucional, e isso deixará profundas cicatrizes na sociedade brasileira – disse o deputado ao admitir que o partido já possui uma estratégia para o caso de o impedimento ser aprovado na Câmara.
– O STF não analisou o mérito e todos nós sabemos que não existe crime de responsabilidade. Todos nós sabemos que a presidenta Dilma não praticou nenhum crime. Vamos ao Senado, vamos ao STF e vamos às ruas com a convicção de que esse processo é um golpe patrocinado por uma pessoa que deveria estar na cadeia. Todos sabemos que não há nenhum, crime de responsabilidade. Sem passarem pelo voto popular, Temer e Cunha não terão condições moral nem política para governar o país. Dilma é vítima de um processo golpista criminoso. Um golpe pode ter 20, pode ter 50 votos, pode ter 350 votos, continua sendo um golpe.
Segundo ele, caso Temer assuma a Presidência, ele terá dificuldades inclusive para obter reconhecimento internacional.
– O mundo, a imprensa internacional hoje publica com destaque, jornais da Inglaterra, dos Estados Unidos, da França, do mundo inteiro, alguns falam em uma gangue. Uma gangue de criminosos julgando uma mulher honesta. Não haverá reconhecimento internacional – disse o vice-líder.