Júlio César de Moura Santana, 22 anos, um dos quatro homens mortos por PMs sexta-feira passada em frente ao Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre, era o motorista do i30 que abandonou o carro e foi abatido na calçada do hospital, logo após uma abordagem policial na qual dois PMs ficaram feridos.
Registro judiciais apontam que Julinho, como era chamado, é acusado de dois homicídios, em 2015, em Porto Alegre. O primeiro em 27 de fevereiro, cuja vítima é Valderi de Bairros. Ele almoçava com um filho e amigos em um bar no bairro Cascata, quando o estabelecimento foi invadido a tiros por Julinho e outros dois homens armados.
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Conforme denúncia do Ministério Público, o motivo do crime seria vingar outra morte e por questões relativa ao tráfico de drogas. A denúncia também aponta que o grupo de Julinho seria responsável por impor a "lei do silêncio" no bairro Cascata.
O segundo homicídio do qual Julinho é acusado ocorreu na tarde de 27 de julho, também no bairro Cascata. Ele, um comparsa e um adolescente estavam em carro quando cruzaram com um desafeto. De acordo com o MP, Julinho, na carona do veículo, tentou matar a tiros o homem, mas errou, matando outra pessoa, Jorge Luís Santos da Luz Júnior, alvejado em frente de casa.
Dois dias depois, também na Capital, Julinho e Antônio César de Vasconcellos Bugmaer foram presos em flagrante por porte ilegal de arma, mas ganharam o direito a liberdade provisória na mesma data. Em agosto, Julinho voltou a ser preso e solto por porte ilegal de arma.
Na noite de 4 de agosto, ele escapou de morrer após ser atacado por três homens em um carro em frente ao Presídio Central de Porto Alegre. Segundo denúncia do MP, o crime seria para vingar a morte de Jorge Luís, no mês anterior. Julinho aguardava a saída da cadeia de um amigo quando foi alvejado por um tiro no braço. O fato foi atribuído a uma guerra por disputa de pontos de drogas com grupo rival do bairro Teresópolis. Na véspera de morrer, Julinho tinha sido preso e solto sob suspeita de tráfico de drogas em Ijuí, no norte do Estado.
Além de Julinho, os PMs mataram Cláudio Eduardo Bandeira da Silva, que completou 19 anos naquela sexta-feira. Ele tinha registros policiais como suspeito de homicídio, receptação e tráfico. Tinha sido preso em 4 de dezembro por receptação e, em 27 de dezembro, por tráfico de drogas. Em 18 de março, ganhou direito de responder aos processos em liberdade.
Também foi morto Anderson Henriques da Silva, 29 anos, com registros policiais como suspeito de furto, assalto e roubo de veículo. Em 2007, tinha sido condenado por tráfico de drogas, cuja pena foi extinta em fevereiro de 2015. Em abril de 2014, tinha sido preso em flagrante por porte ilegal de arma e condenado a três anos e meio de prisão em regime semiaberto. Cumpria a pena até outubro de 2017 em casa, em regime de prisão domiciliar desde dezembro de 2014.
A quarta vítima é Luiz Cainan Ribeiro da Silva, 21 anos. Tinha contra si ocorrências como suspeito de roubo a transporte coletivo quando era adolescente. Como adulto, não tinha passagem pela polícia.