
Como havia sido anunciado na semana passada pelo Cpers-Sindicato, entidade que representa os professores, as principais escolas estaduais em Porto Alegre estão com horários reduzidos nesta segunda e terça-feira. A medida ocorre devido ao parcelamento dos salários dos docentes.
No colégio Júlio de Castilhos, por exemplo, os períodos de aula nesta segunda e na terça-feira estão sendo de 30 minutos em vez de 50 minutos, causando descontentamento nos alunos:
– Está bem ruim. As matérias são passadas muito rápidas. Quando tem tarefa para corrigir, não há tempo para passar o conteúdo do dia – reclama o estudante do 3º ano do Ensino Médio Thiago Gabriel da Silva Barros, de 17 anos.
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– Tudo está sendo atropelado, o conteúdo é passado correndo. Além disso, a gente vem para a aula e logo tem que voltar para casa – relata Ariane Azambuja, 18 anos, estudante do 2º ano do Ensino Médio.
O vice-diretor do Julinho Sérgio Osório diz que os períodos sem aula são utilizados para reunir os professores e discutir o andamento da manifestação e as formas de recuperação:
– Mais adiante discutiremos o calendário.
Para ele, atos como este ajudam a dar "visibilidade" à categoria e mostrar a "insatisfação" dos professores.
Na escola Protásio Alves, os períodos também foram reduzidos de 50 para 30 minutos. A escola Ignácio Montanha também reduziu os períodos de 50 para 25 minutos. Já no Instituto de Educação, os períodos passaram de 50 para 35 minutos.
Há algumas escolas que não estão reduzindo o horário das aulas, mas que vão aderir à paralisação anunciada para quarta-feira. O Cpers convocou a categoria para paralisação geral no dia 13 com um ato previsto para ocorrer em frente ao Instituto de Previdência (IPE).
Segundo a presidente do Cpers, Helenir Schüler, a entidade está mobilizando a categoria e fará uma assembleia no final do mês. A ideia é definir por greve por tempo indeterminado.
– Estamos mobilizando para isso. Nós estamos pedindo que o governo repasse para nós os 8,13% a ser pago ao judiciário aprovados na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e, infelizmente a resposta é o silêncio. Ser recebidos para tomar cafezinho não nos serve. Queremos colocar nossa pauta de negociações na mesa – disse Helenir.
A presidente do Cpers não soube dizer quantas escolas aderiram ao movimento, mas afirmou que o resultado tem sido "significativo".
– Deixamos abertura para as escolas mobilizarem-se conforme aquilo que conseguirem fazer.
Sobre o prejuízo aos estudantes e professores, que precisarão recuperar essas aulas, foi enfática:
– O prejuízo maior está sendo causado pelo governo. Não podemos aceitar calados.
Por meio de nota, a Secretaria da Educação diz entender "os motivos que levaram alguns estabelecimentos de ensino a esta decisão" e salienta "que o Governo do Estado está fazendo todos os esforços para recuperar o equilíbrio financeiro,condição necessária para manter em dia a remuneração dos servidores e o repasse de verbas da autonomia financeira das escolas". No documento, a secretaria diz ainda que "zelará, como é do seu dever, pelo cumprimento dos 200 dias letivos e o número mínimo de horas-aula".
* Com informações da Rádio Gaúcha