O empresário Thiago Brentano, 39 anos, dono do Audi que provocou o atropelamento de um casal no Parcão, prestou depoimento à Polícia Civil na tarde desta quarta-feira, em Porto Alegre. Brentano admitiu que bebeu duas long necks na boate e que era ele quem estava dirigindo o Audi no momento da colisão. No entanto, negou que estaria participando de um racha.
A respeito da fuga, o empresário sustentou que não percebeu que havia vítimas e que se preocupou somente com o seguro do carro, que não seria coberto já que estava com a CNH suspensa e havia ingerido bebida alcoólica horas antes do fato, o que resultaria em flagrante em um eventual teste de bafômetro.
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Brentano também afirmou que acelerou na esquina anterior ao local da colisão com o táxi porque um outro veículo tocou na traseira do seu carro. Assustado, temendo se tratar de um assalto, acabou furando o sinal vermelho. Segundo o advogado Jader Marques, ele possivelmente estaria dirigindo acima de 80 km/h. A polícia ainda aguarda a perícia para confirmar a velocidade do Audi.
– Estamos aguardando a perícia para esclarecer a velocidade a que ele estava trafegando na via momentos antes, até porque temos bem claro que ele passa pelo sinal vermelho e queremos confirmar a tese do racha ou não – afirma o delegado Carlo Butarelli, responsável pelo caso.
De acordo com o advogado Jader Marques, Brentano alegou que não poderia imaginar que pessoas estivessem no Parcão durante a madrugada.
– Depois ele percebeu que a magnitude dos fatos era muito maior do que tinha imaginado e frisou algumas vezes para o delegado que nunca poderia imaginar que duas pessoas estivessem ali, caminhando, e que houvesse esse tipo de dano, sobretudo pelo horário, de ser impossível que pessoas estivessem no Parcão naquele momento – disse o defensor de Brentano.
Mais cedo, antes do empresário, dois agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) falaram ao delegado Carlo Butarelli. Os dois foram os primeiros a chegar ao local depois da colisão, junto com os policiais militares, que confirmaram ter visto a fuga de Brentano.
Os agentes de trânsito disseram que têm certeza de que os carros, o Audi e o Camaro, disputavam um racha antes da batida. Segundo o delegado, contaram que estavam parados com a viatura da EPTC no semáforo da Rua Doutor Timóteo quando os veículos passaram em alta velocidade por eles. A colisão com o táxi aconteceu pouco depois e não houve tempo de tentarem iniciar uma perseguição aos veículos.
Entenda
O atropelamento aconteceu na madrugada do dia 2 de abril. Por volta das 3h30min, Brentano saiu com o Audi de uma casa noturna, na Rua Silva Jardim, e disputou um racha, segundo a polícia, com um Camaro.
Testemunhas disseram que Brentano bebeu dentro da boate. Uma comanda, divulgada pela produção da festa, registrou 10 cervejas no nome do empresário.
Em vídeo, veja como foi o atropelamento após racha no Parcão:
Às 4h, o Audi furou o sinal vermelho do semáforo na esquina da Avenida 24 de Outubro com a Avenida Goethe e foi atingido por um táxi. Girando, bateu em um Peugeot estacionado no Parcão, que acabou atingindo um casal que passeava com o cachorro na calçada.
Imagens de câmeras de segurança de um condomínio mostraram o momento em que o Audi passou rodando, depois da colisão com o táxi. Outro vídeo flagrou o condutor do Audi saindo da porta do motorista e fugindo em direção ao Parcão.
Dos feridos, Thomaz Coletti, 25 anos, teve rompimento total dos ligamentos do ombro direito, entorse no tornozelo esquerdo e fratura na mandíbula, entre outros ferimentos no rosto. Ele recebeu alta ainda no sábado, mesmo dia do acidente.
A namorada, Rafaela Perrone, 24 anos, segue hospitalizada em um quarto no Moinhos de Vento. Segundo familiares, ela ainda deve passar por uma cirurgia no joelho e não tem previsão de alta.
*Zero Hora