A atividade extraclasse de uma turma do curso de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) terminou em confusão na tarde de quarta-feira. O grupo fazia uma visita ao pavilhão de produtores da Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa), quando, por volta das 15h, um funcionário de um dos permissionários da área atacadista assediou uma estudante. Um colega tentou defendê-la e foi agredido pelo homem.
O jovem foi atendido no ambulatório e prestou queixa no posto policial da 4ª Delegacia de Polícia, localizado na Ceasa. Segundo o delegado Herbert Moura Ferreira, será feito um termo circunstanciado sobre o caso, que irá para a Justiça.
– Lá dentro, às vezes, acontecem ocorrências de briga, mas não é comum que envolvam os visitantes. É importante destacar que o funcionário que praticou a agressão não é ligado à Ceasa, mas a um permissionário – explica.
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Conforme o relato de uma aluna que não quis ser identificada e que foi publicado nas redes sociais, durante toda a visita, as estudantes foram alvo de assédio verbal por parte dos homens que trabalham na Ceasa. A jovem afirma que todas se sentiram intimidadas, pois, ao passarem, ouviam gritos e assobios provocativos.
O diretor técnico operacional da Ceasa, Ailton Machado, relata que já foi solicitado o cancelamento do cadastro do funcionário responsável pela agressão junto ao permissionário que o havia empregado. Portanto, ele não poderá mais sequer entrar no local.
– É muito comum recebermos excursões de alunos, de universidades até de fora do Estado, e, nesses anos todos, nunca tivemos um caso assim. Essa agressão foi um fato inédito e isolado, que repudiamos totalmente.
Para garantir a integridade dos estudantes nas visitas, Machado destaca que, a partir de agora, os grupos serão acompanhados por seguranças da Ceasa, além de um técnico que orienta sobre o funcionamento do local. Outra medida tomada será a entrega de um panfleto informativo, a partir da próxima terça-feira, para todos os funcionários que atuam na Ceasa. O texto tem o objetivo de destacar a importância das visitas dos estudantes e ressaltar que qualquer tipo de assédio receberá a devida punição.
– A Ceasa é uma fonte de saber, e os alunos são o futuro. É importante o dever que nós temos de proteger os estudantes, por isso, qualquer tipo de assédio será punido pela Ceasa com a perda da permissão de uso – afirma Machado.
O pavilhão onde a agressão ocorreu tem cerca de 10 mil metros quadrados e, diariamente, duas mil pessoas vendem seus produtos lá. O funcionário que agrediu o aluno trabalhava na área atacadista.
Por meio de nota, a PUCRS informou que lamenta o fato e que "está prestando assistência e orientação ao estudante, além de assistência psicológica a ele e às colegas que foram assediadas verbalmente". Também garantiu que vai acompanhar o caso junto à administração da Ceasa e que "repudia qualquer manifestação de violência".
A universidade argumentou ainda que a visita à Ceasa é "uma atividade acadêmica realizada regularmente por alunos do curso, com o objetivo de garantir uma formação técnico-científica e humana, atendendo às necessidades sociais da profissão de nutricionista".