Passava um pouco das 10h de ontem quando José Carlos dos Santos, o Seco, maior assaltante de banco e carro-forte do Estado entrou no salão do Júri, no Fórum de Santa Maria. Junto com ele, estavam os réus Edson Marcos Silva da Rosa (Tucano), Naiara Silvia Santos dos Santos, Dionatan de Aguiar Bueno (Gordo) e Ari Nunes da Costa. Todos são acusados de tráfico de drogas e associação ao tráfico e participaram da primeira audiência do processo originário da Operação Palquinho. O processo corre paralelamente à Operação Palco, deflagrada pela Polícia Civil em novembro passado, quando Naiara, Dionatan e Ari foram presos em flagrante.
AO VIVO: "O meu crime é 157, assalto a banco, carro-forte, e não tráfico", diz Seco
Os momentos mais incisivos da audiência foram os depoimentos dos dois principais suspeitos: Tucano, que é de Santa Maria, e Seco. Os últimos a depor, eles negaram serem sócios e integrantes da facção criminosa Bala na Cara. O delegado Sandro Meinerz, da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), também foi um dos que mais falou. Ele explicou como funcionaria o esquema criminoso e como foi a investigação que levou a Polícia Civil a concluir que Tucano e Seco agiam juntos para trazer os Bala na Cara para Santa Maria e dominar o tráfico local.
Os depoimentos
Naiara foi a primeira a depor. Ela disse que estava em dificuldades financeiras, e por isso foi buscar droga em Taquara, quando foi presa na volta, na rodoviária de Santa Maria. Ela teria relatado sua situação a Dionatan, o Gordo, que então teria lhe passado o contato de quem encomendava as drogas. Dionatan já teria feito serviços para essa pessoa, que eles não revelaram o nome. Depois disso, Gordo e Ari foram para Porto Alegre e também na volta, de carro, foram presos em flagrante. Todas as testemunhas, inclusive os policiais, afirmara que Ari não fazia parte do esquema. Ele apenas foi convidado por Dionatan para ir à Capital ver um jogo do Grêmio, já que ele é quem tinha carro. Os defensores pediram as liberdades provisórias de Gordo e Ari.
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Tucano foi o penúltimo a ser ouvido. Ele rechaçou que seja integrante dos Bala na Cara. Também afirmou que não era "sócio" de Seco no crime. Tucano disse que teme pela sua vida por o estarem ligando à facção. Condenado por tráfico, ele questionou como seria traficante se sua mãe não tinha dinheiro nem para lhe visitar em Charqueadas. Depois de dizer isso, Tucano teve a permissão do juiz Ulysses Louzada para falar com a mãe, que estava no salão do Júri.
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Depois foi a vez de Seco, que falou por mais de uma hora. Usando um papel para se guiar, ele falava com propriedade sobre as informações do inquérito e às notícias sobre o caso divulgadas pelos veículos de comunicação do Estado. Fez diversos ataques ao delegado Sandro Meinerz, afirmando que a Polícia se contradisse no inquérito. Acusou o delegado de midiático. Seco também negou ser integrante dos Bala na Cara e fez questão de frizar: "o meu crime é 157, assalto a banco e carro-forte, não tráfico". Ele disse que já "morou" em diversas galerias da Pasc, e que hoje mora na da facção, mas que isso não faz dele um integrante.
Segurança reforçada
Um forte esquema de segurança foi montado para o transporte de Seco de Charqueadas até Santa Maria e para garantir a segurança durante a audiência. Ao todo, 26 agentes do Grupo de Ações Especiais da Susepe (Gaes) e do Grupo de Inteligência da 2ª Delegacia Penitenciária Regional (2ª DPR), dentro e fora do Salão do Júri, estavam envolvidos. No entorno do Fórum, duas viaturas da Brigada Militar reforçavam o policiamento.