Está cada vez mais difícil para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se desvincular do sítio em Atibaia, que ele garante não ser dele, mas que a Polícia Federal insiste que pertence a Lula. O imóvel teria sido reformado por duas empreiteiras, a OAS e a Odebrecht, investigadas pela Operação Lava-Jato. Os agentes da PF realizaram uma busca dia 4, seguida de perícia. Foram encontrados em pelo menos seis dependências do sítio objetos pessoais de Lula e da sua mulher, Marisa Letícia.
Entre os pertences do casal na chácara foram localizados roupas, fotos, banners e produtos de higiene personalizados, a indicar, pelo menos, que o local era frequentado pelo ex-presidente e sua esposa. Lula nunca negou que frequentava o sítio - levantamento da PF mostra que ele viajou pelo menos 111 vezes para lá - mas diz que o local pertence a amigos e ele apenas fazia visitas. A Polícia Federal, no entanto, está convencida que Lula era o verdadeiro dono do lugar, tanto que achou um contrato de compra e venda com o nome de Lula como comprador.
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O sítio tem dois ambientes, em alvenaria. O salão principal possui uma churrasqueira, um forno a lenha, um fogão a lenha, pia, geladeiras e freezer. No ambiente principal, junto à sala de estar, há uma adega constituída por diversas prateleiras de madeira destinadas ao depósito de garrafas de bebida, havendo também um condicionador de ar portátil. Recipientes com vinho ocupavam quase a totalidade das prateleiras.
No ambiente secundário, chamado "Espaço Gourmet", existem três cômodos (incluindo uma sauna desativada). Num deles foram encontrados pelo menos dois itens com identificação, ambos com o nome do ex-presidente. O primeiro corresponde a uma garrafa vazia de volume aproximado de dois litros, identificada por rótulo como sendo de aguardente de cana da marca Havana e contendo ainda, impressa em etiqueta adesiva, uma dedicatória com a inscrição: "Ao eterno Presidente do Brasil Luiz Inácio (Lula)". O segundo corresponde a uma caixa de madeira em marchetaria acondicionando materiais de jogos recreativos, contendo gravada no seu lado externo a inscrição "Luiz Inácio Lula da Silva".
Nos quartos foram localizadas roupas (aventais, blusas), com os nomes "Presidente" e "Marisa" bordados no peito. Há também uma toalha da FURG (Universidade Federal do Rio Grande), bordada no peito, com a inscrição: "Presidente Lula! Bem-vindo à nossa Universidade. Muito obrigado!" Num dos banheiros, produtos de higiene e beleza, manipulados, com rótulo escrito "Marisa Letícia Lula da Silva".
Os policiais acharam ainda diversas caixas de charuto, uma caixa de ovo de Páscoa gravada com o nome Luiz Inácio Lula da Silva, uma toalha com texto bordado em dedicatória ao Presidente Lula e uma caixa com artesanato acompanhada de cartão com dedicatória manuscrita: "Excelentíssimo Senhor Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e Dona Marisa [...]". Além de um cartão de Boas Festas!, endereçado a Lula e enviado por Leo Pinheiro, executivo da OAS condenado na Operação Lava-Jato.
A peça final a vincular o casal ao sítio é um banner de Lula e Marisa, dançando colados, com as frases escritas: "Lula para nós também é O Cara" (numa referência ao apelido dado a ele pelo presidente norte-americano Barack Obama).