A taxa de rejeição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atingiu o recorde de 57% em nova pesquisa Datafolha, divulgada neste sábado. Antes deste levantamento, seu pior índice, 40%, havia sido registrado em setembro de 1994, quando Lula disputou a Presidência contra o tucano Fernando Henrique Cardoso. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
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Mesmo entre as classes sociais mais baixas, Lula já é rejeitado por 49% da população. O índice cresce conforme o avanço da renda familiar e chega a 74% entre aqueles que ganham dez ou mais salários mínimos por mês. A pesquisa mostra que para a grande maioria dos eleitores, Lula só aceitou o cargo de ministro no governo Dilma para obter foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF) e, assim, escapar das ações do juiz Sergio Moro nas investigações da Operação Lava-Jato. São 68% os que veem esta motivação, ante 19% que acreditam que Lula tenha aceitado o cargo para ajudar o governo Dilma Rousseff.
Na mesma linha, 73% dos entrevistados acham que a presidente agiu mal ao convidar Lula para assumir uma pasta em seu ministério; só 22% aprovaram a iniciativa. Os brasileiros também não acreditam que a presença de Lula entre os ministros de Dilma irá melhorar o desempenho geral do governo. Para 36% dos entrevistados pelo Datafolha, a gestão tende a piorar – outros 38% acham que não haverá mudanças com a presença do ex-presidente no ministério.
O instituto também perguntou a opinião dos entrevistados sobre o fato de o juiz Sergio Moro ter obrigado o ex-presidente a depor de forma coercitiva na Polícia Federal no início de março, a fim de obter declarações sobre um sítio em Atibaia e um tríplex em Guarujá – que, acredita-se, pertencem a Lula. Para 82% dos entrevistados, o juiz agiu bem. Apenas 13% condenaram a decisão, criticada por alguns juristas.
O Datafolha também fez uma consulta espontânea aos entrevistados perguntando qual o melhor presidente que o Brasil já teve. Lula ainda é o mais citado, embora seu percentual tenha oscilado negativamente, de 37% em fevereiro para 35% agora. Em novembro do ano passado esse índice era de 39% e, no auge de sua popularidade, em 2010, alcançou 71%. Os números revelam que, desde que deixou a Presidência da República, Lula perdeu metade de seu prestígio.
A Pesquisa Datafolha foi realizada nos dias 17 e 18 de março de 2016 com 2.794 entrevistados em 171 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos
Apoio a impeachment de Dilma cresce e chega a 68%
O apoio da população ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) cresceu oito pontos desde fevereiro. Agora, 68% dos eleitores são favoráveis ao seu afastamento pelo Congresso Nacional. Também houve um salto, de 58% para 65%, no total dos que acham que Dilma deveria renunciar à Presidência. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
O percentual dos contrários ao impeachment foi de 33% em fevereiro para 27% agora. Segundo pesquisa, a reprovação ao governo da petista também retornou ao seu patamar recorde: 69% avaliam sua administração como ruim ou péssima. A taxa é comparável aos 71% de reprovação alcançados por Dilma em agosto de 2015, o mais alto da série histórica do Datafolha, iniciada em 1989, levando-se em conta a margem de erro de dois pontos percentuais.
O apoio ao afastamento da presidente cresceu em todos os segmentos pesquisados. A intensidade foi maior entre os que têm entre 45 e 59 anos (de 52% para 68%), na parcela dos que têm 60 anos ou mais (48% para 61%) e entre os eleitores mais ricos (54% para 74%). Como comparação histórica, em pesquisa Datafolha realizada nos dias 2 e 3 de setembro de 1992, a menos de um mês da votação do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, 75% dos brasileiros defendiam a medida e 18% eram contrários a ela -7% diziam não saber opinar.
O levantamento do Datafolha mostra que, entre fevereiro e março, houve também alta expressiva nas parcelas dos que, independentemente da posição sobre o impeachment da presidente, acreditam que ela será afastada. No levantamento anterior, eram 60% os que não acreditavam na sua destituição do cargo. Agora, uma parcela de 47% acha que ela não será afastada pelo impeachment.
Embora a saída de Dilma tenha apoio majoritário entre os brasileiros, a perspectiva de um governo liderado pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB) não obtém o mesmo respaldo: apenas 16% acreditam que um eventual governo do peemedebista seria ótimo ou bom. Para 35%, seria ruim ou péssimo.
Em uma lista que inclui vários presidentes desde a redemocratização, Dilma também aparece à frente dos demais na percepção dos eleitores em relação ao governo em que mais houve corrupção. Para 36% dos entrevistados, seu governo é o que mais teve desmandos. Lula e o ex-presidente Fernando Collor aparecem na sequência, citados por 23% e 20% dos entrevistados, respectivamente. A corrupção também aparece na pesquisa pela segunda vez consecutiva como o principal problema do país: 37% a consideram a maior chaga, taxa superior aos 34% registrados em fevereiro.