Uma das falas mais aplaudidas do Grande Ato em Defesa da Democracia e Legalidade, realizado na tarde desta quarta-feira no Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi a do presidente do PT no Estado, Ary Vanazzi. Além de criticar o vice-presidente Michel Temer (PMDB), chamando-o de "traidor" e "golpista", o petista afirmou que a participação da população num momento de crise política é fundamental e passa por cima de diferenças partidárias.
– Não precisa gostar do PT nem se filiar, tem que ir à luta porque precisamos da democracia.
Vanazzi também afirmou que o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff é "golpe porque não tem objeto", alegando que não há motivos que justifiquem o impedimento. Além disso, ressaltou que teme o que "vem depois" do processo, falando sobre a possibilidade de o país ficar a comando de Temer.
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– Michel Temer é um traidor, um demagogo. Nós do PT erramos, cometemos um equívoco – disse.
Em sua fala, sob gritos do público de "não vai ter golpe, vai ter luta" e "fascistas, golpistas, não passarão", Vanazzi ainda assegurou que Dilma "vai ficar e vai fazer um governo para a esquerda". O petista foi um dos participantes do evento organizado pela Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo. Na plateia, além de estudantes, havia integrantes de movimentos sindicais e sociais, políticos de PT, PSOL, PC do B e PDT e professores, muitos dos quais usaram o púlpito para defender a ilegalidade do impeachment. Conforme a organização, pelo menos 800 pessoas acompanharam a atividade, que contou também com manifestações artísticas de dança, música e teatro.
– Esta mobilização é produto da preocupação com o que acontece no Brasil hoje. Não estamos defendendo nenhum partido, nenhum governo, mas sim a democracia e a legalidade – afirmou a integrante da Frente Povo Sem Medo, Bernadete Menezes.
O vice-reitor da UFRGS, Rui Vicente Oppermann, também integrou a mesa do ato. Ele assegurou que a instituição não se posicionou de nenhum lado, cedendo apenas espaço para o debate. A participação da reitoria no evento chegou a ser questionada por alguns estudantes, que entenderam se tratar de uma atividade irregular porque, em sua avaliação, a instituição estaria tomando um posicionamento partidário.
– A universidade tem toda a tranquilidade de garantir espaços democráticos para todas as representações. Uma universidade é exatamente isso. Nós não estamos tomando partido de nenhum partido político, nós estamos dando espaços para que a comunidade interna e seus convidados externos se manifestem.