A presidente Dilma Rousseff afirmou a jornalistas estrangeiros, nesta quinta-feira, que "dorme bem à noite" e que o esforço da oposição para removê-la do Planalto "carece de bases legais". De acordo com reportagem escrita pelo correspondente do jornal norte-americano The New York Times no Brasil, Simon Romero, a presidente reforçou que não pretende renunciar.
A reportagem descreve que Dilma adotou um tom "desafiador" na conversa, que durou mais de uma hora, em seu escritório no Palácio do Planalto, insistindo que não pretende deixar o governo.
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– Nós apelaremos a todos os meios legais disponíveis – afirmou a presidente ao ser perguntada sobre se aceitaria uma derrota no Congresso na questão do impeachment. Segundo o relato do NYT, Dilma negou que tenha recebido financiamento ilegal em sua campanha.
O jornal norte-americano lembra o imbróglio em torno da nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil. Em um editorial publicado no último sábado, o periódico classificou de "ridículas" as explicações de Dilma para justificar a nomeação de Lula, principalmente porque ocorreu em meio às denúncias de corrupção apuradas pela Operação Lava-Jato.
Na entrevista desta quinta-feira, Dilma defendeu a escolha do ex-presidente.
– Lula é meu parceiro – disse ela, segundo o jornal.
Ela ressaltou a capacidade de negociação e articulação política de Lula e afastou a justificativa de que a nomeação seja apenas para protegê-lo da Operação Lava-Jato, dando foro privilegiado ao ex-presidente.
O NYT destaca na reportagem uma pesquisa recente que mostra que 68% da população é favorável ao impeachment e que os brasileiros têm saído às ruas para protestar contra o governo.
– Não vou dizer que é agradável ser vaiada – disse Dilma aos jornalistas estrangeiros ao falar das manifestações. – Mas não sou uma pessoa depressiva. Eu durmo bem à noite.
A reportagem afirma que o impeachment de Dilma pode ser votado na Câmara e no Senado já no próximo mês e que a presidente enfrenta outra possibilidade de perder o mandato, a análise de irregularidades no financiamento da chapa que a elegeu pelo Superior Tribunal Eleitoral (TSE). Neste caso, o vice-presidente, Michel Temer, não poderia assumir o Planalto.
Guardian: Dilma diz que impeachment pode causar 'cicatrizes duradouras'
A presidente disse também que retirá-la do cargo pode gerar "cicatrizes duradouras" para a democracia brasileira, segundo o jornal britânico The Guardian.
Dilma reafirmou que a paz reinará no Brasil durante a realização da Olimpíada no Rio, que é uma mulher forte e não há motivos para sair do cargo.
– Por que eles querem que eu renuncie? Porque eu sou uma mulher fraca? Eu não sou – disse Dilma, segundo o jornal britânico.
A presidente acusou a oposição de não aceitar a derrota apertada nas eleições de 2014 e, desde então, trabalhar pelo "quanto pior, melhor" com a sabotagem da agenda legislativa apresentada pelo Executivo, fato que tem "afundado o país", cita a reportagem. Dilma criticou ainda "métodos fascistas" usados por alguns nomes da oposição.
*Estadão Conteúdo